16.11.20

E finalmente... limpou-se o matagal da Serra da Portela!

 


Já me tinham dito que isto aconteceria, mas entre me dizerem que vai acontecer e o acontecer vai uma grande distância, como é aliás comum em tantas situações, daí apenas agora que a coisa se concretizou eu falar dela.
Foi em Novembro de 2019 que o presidente da Junta de Freguesia de Pousaflores, em agradável conversa, me disse que isto estava planeado, daí eu estar expectante com esta limpeza, a qual surge já com um atraso de muitos anos. Em Agosto de 2006 ardeu parte da Serra da Portela, no seu sector Norte, ou seja do lado da capela do anjo da guarda, e a coisa estava a propiciar-se para voltar a acontecer novamente. Nos últimos anos tenho apelado para a limpeza daquela área de pinheiro manso, já que estava basicamente num estado de abandono que potenciava o risco de incêndio e colocava em causa a produção de pinhões e a própria existência do pinhal.
Em Outubro voltei à Serra da Portela e constatei que a limpeza estava a ser efectuada. Foi curioso ver a limpeza, já que pôs em evidência algumas curiosidades. Primeiro, o “deserto” em que a Serra da Portela se tornou após meados da década de 90, aquando, quiçá, a maior destruição de património decorrida por ali, quando uma máquina arrasou todo o topo da serra. Nunca me saiu da cabeça aquela paisagem lunar... Depois, ver os tubos fantasmagóricos daquela acção de greenwash promovida pela GM, aquando da plantação de 130000 árvores sem estudo prévio. Não sobreviveram nem 10%, já que a coisa foi feita, como se costuma dizer, mal e porcamente.
O futuro a ver vamos, esperando eu que se preserve o que se manteve e não se promova mais destruição. Lembro que não basta cortar o mato, mas sim gerir a flora (e, também a fauna). 
Curiosamente, lembro-me de há 1 ano me terem confidenciado que estavam a pensar cortar algumas árvores ali plantadas, já que atrapalhavam o normal funcionamento do moinho ainda em funcionamento na Serra da Portela. Sobre este último, apresentei uma ideia a quem de direito, mas até hoje não obtive resposta. Se calhar está tudo bem e há muitos projectos em curso para dinamizar aquele território... É possível que venha desenvolver a ideia noutro local, caso exista interesse.
Quase a terminar, julgo que é nesta altura que começa a época da apanha das pinhas (1 de Dezembro), para que daqui a uns tempos tenhamos o belo do pinhão pronto para ser degustado. Infelizmente a problemática covidiana actual afectará a nossa feira dos pinhões...
Aproveitem para, logo que o tempo dê, fazer uma caminhada pela Serra da Portela. E se algum "evangelizador" vos falar do anjo da guarda, digam que depois passam pela capela para a ver, já que há quem faça confusão, deliberada, com o nome legal e oficial da serra, tentando impor uma sua visão facciosa, através da ocultação/manipulação verbal do topónimo legal e quase centenário. Já muito antes da capela existia a Serra da Portela, baptizada pelos locais ( e não por pessoas da cidade, como já, de forma desesperada tentaram fazer passar...). Como se costuma dizer, cada macaco no seu galho, a religião nos locais de culto e o património e a identidade no território, laico, a bem da identidade local. Chega de guerrinhas entre lugares e de tentativas de evangelização da Serra da Portela! Há poucas horas li o comentário de um senhor que tentava fazer uma analogia com aquele ditado do "para lá do Marão, mandam os que lá estão". Sugiro então que este senhor, que muito prezo, respeite então os locais, já que foram precisamente os locais (Pousaflores) que baptizaram a Serra da Portela há mais de 80 anos, ou seja muito antes da "sua" capela. A religião não manda fora dos locais de culto nem se sobrepõe à legalidade e ao respeito pelo património secular. A idade média já acabou há muito tempo. 
Fazendo eu agora uma analogia com base em "a idade é um posto", a história da Serra da Portela é um posto, daí um argumento que eu ouvi na base de "eu já conheço a serra por outro nome há 50 anos" não se sobrepor ao topónimo legal, que já vem pelo menos da década de 1940. Conhecer até conhecem, mas ocultam, mal, o facto. Já tentaram mudar o nome mas felizmente sem sucesso, já que as autoridades na matéria, guardiãs da legalidade e da história, descortinaram esta jogada pouco ética de um grupo de pessoas que confundem a religião e uma capela com a Serra da Portela.
Claro que a capela do anjo da guarda tem o seu espaço na história da Serra da Portela, ninguém nega esse facto, mas daí a tentarem impor, através da mentira, da ilegalidade, da manipulação e da ocultação de factos históricos esse nome à Serra da Portela vai muito. As guerrinhas entre lugares em redor da Serra da Portela também são algo feio de se ver. Impera não a ideologia religiosa, mas sim a história e essa é clara, gostem alguns ou não! E é escusado essa hostilidade. E escusam de tentar evangelizar o meu feed, já que ele é laico e não admite fanatismos, sejam eles de que tipo forem. Eu fico-me pelos factos históricos, não de forma parcial e ideológica, mas sim de forma imparcial e com base histórica. E estarei aqui para o debate dos factos.
Eu não digo a alguns para não tratarem a serra por outro nome, eu "apenas" condeno quem mente e diz que o topónimo legal e histórico da Serra da Portela é outro que não este. Há quem a trate por Anjo da Guarda, por causa da capela, há quem a trate por Serra do Monte da Ovelha, por causa de parte da sua história (o marco geodésico tem esse nome) e há quem trate a serra pelo seu nome legal e quase centenário, ou seja Serra da Portela. Claro, conciso, informativo e esclarecedor. A serra da Portela não é minha nem é sequer vossa, é sim de todos. Todos gostamos dela à nossa maneira e por vários motivos!

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