24.12.18
20.12.18
Terminar o ano falando da questão "bombeiros"
E chego ao último comentário de 2018, algo com um significado especial. Desde já, desculpem o texto mais longo do que o costume! Gosto de aproveitar este último comentário para fazer uma espécie de balanço, que é sempre algo sentimental, contudo este ano pretendo algo diferente (embora com óbvia carga emocional). Decidi já há uns dias pela questão "bombeiros", a qual tem sido motivo de conversa e de notícia no mês de Dezembro, algo que não é normal, já que costuma ser apenas no Verão, quando as coisas correm mal...
Sobre a polémica deste mês, pouco tenho a dizer. Prefiro dizer apenas que tenho sido um elemento que tenta melhorar a estrutura da qual faz parte, por dentro. Lá dentro há obviamente interesses e gente menos correcta (uma minoria minoritária, passe o pleonasmo), parte porque se acomodou ao poder, parte porque só ali se consegue afirmar. É algo que já me trouxe chatices, contudo não me arrependo de nada e, a seu tempo, irei ser mais incisivo. Não ser corporativista tem destas chatices... Bofetadas de luva branca já dei umas quantas. Prefiro também distanciar-me do Jaime Marta Soares, indivíduo que não me representa. Prefiro, por fim, dizer que a luta dos bombeiros é justa, mesmo que alguns não saibam bem pelo que protestam.
Não tenho muitas fotos de incêndios, já que não é meu hábito tirar fotos deste tipo. Tenho algumas, maioritariamente de formação e do dia-a-dia do bombeiro em serviço.
Escolhi esta foto para ilustrar o comentário. Foi tirada por um colega meu em 2017, em Góis, por volta das 7 da manhã, enquanto dormitava hora e meia onde era possível (3 noites, 3 quase directas..). Tapei a face porque há por aqui gente menos correcta, a qual poderia eventualmente utilizar esta foto com propósitos menos sérios.
Mas vamos ao comentário. Diz-se que as pessoas gostam muito dos bombeiros e, de facto, isso é notório quando vemos a confiança que a maioria das pessoas deposita nos bombeiros voluntários. Contudo nem sempre o discurso corresponde ao que, de facto, se passa, pois os que se fazem sócios dos bombeiros são ainda uma minoria (embora haja discrepâncias substanciais entre Associações..). Mesmo assim as coisas vão-se fazendo com o apoio de quem pode, seja com a ajuda de sócios, beneméritos, empresas e afins. Diga-se de passagem que Portugal tem conseguido um feito que é manter um corpo de bombeiros ímpar a nível mundial. Urge dar mais e melhor apoio e responsabilizar mais e mais, a bem das comunidades.
Nem tudo corre bem, já que há obviamente falhas, mas é um caminho que se tem feito à custa de melhorias e essas têm acontecido. Quando eu entrei para os bombeiros bastava pedir autorização para entrar para os bombeiros, ao passo que actualmente não é bem assim. Quando eu entrei para os bombeiros era raro ver alguém com qualificações universitárias, ao passo que hoje em dia é normal haver vários elementos com essas qualificações. Mas não pensem que estou a menorizar quem tem o 9ª ano, pois bombeiros excepcionais há com todas as qualificações, sejam elas de nível dito superior ou não. Quando eu entrei, não havia a triangulação, de forma a detectar com precisão um foco de incêndio, o que havia era manda um veículo e quando lá chegares diz qualquer coisa. Hoje em dia é bem diferente. O paradigma mudou, não ao melhor ritmo, por vezes refém de alguns, mas mudou e continuará a mudar.
Contudo há interesses externos que indiciam pretender alterar o paradigma, possivelmente por interesse financeiro e também por mero preconceito e/ou ideologia. Há também interesses que têm adoptado uma estratégia de minar a imagem dos bombeiros voluntários, de forma a que, um dia, o caminho esteja aberto para algo com o qual essas mesmas pessoas esteja relacionada de alguma forma em termos profissionais (como aliás já acontece...).
Um dos indivíduos que, na minha opinião, mais tem minado a credibilidade dos bombeiros voluntários é o arquitecto paisagista Henrique Pereira dos Santos, e logo de uma forma insistente e pouco séria, quiçá com objectivos bem delineados (os quais não sei). Há umas semanas bloqueou-me no facebook, já que não tinha argumentos para rebater os factos que eu enunciava e achou que me conseguia descartar. Para ele os meus conhecimentos enquanto geógrafo, por um lado, e enquanto bombeiro voluntário, por outro, valem zero, pois ele é que é o sabichão. É uma atitude típica de um miúdo de 15 anos, algo que é estranho para quem tem uma postura de sabe de tudo. É um indivíduo que tem um tique particular, o do "eu sei tudo e tu não sabes nada". É alguém fácil de desmascarar na sua argumentação falaciosa, sendo bastante elementar na argumentação. Irónicamente uma das situações onde o desmascarei foi sobre factos ocorridos em Góis. Ele referiu determinado facto, que alguém lhe relatou e isso, para ele, parece ser um facto científico. Quando eu lhe disse que aquilo não correspondia à verdade e que eu tinha lá estado, ele ficou um bocado irritado... (foi apanhado...) Só para perceberem quem é este indivíduo, passo a citar uma afirmação dele sobre a minha pessoa:
"outro vendido, um frouxo com medo das verdadeiras soluções que podem libertar o país do cancro que conduz às tragédias de Pedrógão e Monchique. Gostava de vos ver a defender as vossas teorias em frente aos familiares dos que morreram em Pedrógão".
Ironia das ironias, o especialista em ordenamento do território sou eu e o bombeiro voluntário sou eu (ele tem apenas algumas equivalências no domínio do ordenamento do teritório e nenhuma equivalência no domínio "bombeiros", já que regar o jardim com uma mangueira não conta como equivalência. Quem é que lá andou a combater as chamas? Não foi este indivíduo, o qual está permanentemente a ser associado ao lóbi do eucalipto e a negar as externalidades negativas do mesmo. Há uma outra situação que destaco, e que na minha opinião, mostra bem carácter do indivíduo em causa:
"não entende que cada vez que diz que ficou três vezes rodeado de fogo porque o fogo é imprevisível a única coisa que as pessoas avisadas percebem é que de aprendizagem lenta por combater três vezes o mesmo erro sem conseguir aprender com isso".
É isto mesmo que este indivíduo disse sobre mim. Disse-o sem que tenha qualquer competência em combate de incêndios florestais (é um mero teórico de sofá) e disse-o sem referir que as 3 situações foram em... eucaliptal. Quem sabe de incêndios sabe o que representa um eucaliptal a arder. Quem não sabe diz que sabe. E quem não sabe e nem sequer sabe onde, como ou de que forma se passou tudo aquilo, costuma mandar estas postas de pescada, em desespero de causa argumentativa. Este arquitecto gaba-se muito dos seus ditos feitos, como a Rede Natura 2000, não responde é por tudo o que de mal foi feito na RN 2000, com evidentes reflexos negativos actualmente (muita coisa mal pensada...). E conseguiu também um outro feito, o de muita gente de valor se distanciar dele (factos públicos), facto que o fez criar uma associação para, quiçá, fazer algum greenwashing, além de outras coisas (algumas de facto úteis). Há umas semanas, e num evento onde ambos estivémos presentes, apanhei-o a ser incoerente. Sobre uma área que a associação dele estava a gerir, disse, em primeiro lugar, que o fogo não causava erosão, mas depois mostra para a mesma área, imagine-se, medidas de engenharia natural para mitigar erosão linear derivada a queimadas. Bravo!
"outro vendido, um frouxo com medo das verdadeiras soluções que podem libertar o país do cancro que conduz às tragédias de Pedrógão e Monchique. Gostava de vos ver a defender as vossas teorias em frente aos familiares dos que morreram em Pedrógão".
Ironia das ironias, o especialista em ordenamento do território sou eu e o bombeiro voluntário sou eu (ele tem apenas algumas equivalências no domínio do ordenamento do teritório e nenhuma equivalência no domínio "bombeiros", já que regar o jardim com uma mangueira não conta como equivalência. Quem é que lá andou a combater as chamas? Não foi este indivíduo, o qual está permanentemente a ser associado ao lóbi do eucalipto e a negar as externalidades negativas do mesmo. Há uma outra situação que destaco, e que na minha opinião, mostra bem carácter do indivíduo em causa:
"não entende que cada vez que diz que ficou três vezes rodeado de fogo porque o fogo é imprevisível a única coisa que as pessoas avisadas percebem é que de aprendizagem lenta por combater três vezes o mesmo erro sem conseguir aprender com isso".
É isto mesmo que este indivíduo disse sobre mim. Disse-o sem que tenha qualquer competência em combate de incêndios florestais (é um mero teórico de sofá) e disse-o sem referir que as 3 situações foram em... eucaliptal. Quem sabe de incêndios sabe o que representa um eucaliptal a arder. Quem não sabe diz que sabe. E quem não sabe e nem sequer sabe onde, como ou de que forma se passou tudo aquilo, costuma mandar estas postas de pescada, em desespero de causa argumentativa. Este arquitecto gaba-se muito dos seus ditos feitos, como a Rede Natura 2000, não responde é por tudo o que de mal foi feito na RN 2000, com evidentes reflexos negativos actualmente (muita coisa mal pensada...). E conseguiu também um outro feito, o de muita gente de valor se distanciar dele (factos públicos), facto que o fez criar uma associação para, quiçá, fazer algum greenwashing, além de outras coisas (algumas de facto úteis). Há umas semanas, e num evento onde ambos estivémos presentes, apanhei-o a ser incoerente. Sobre uma área que a associação dele estava a gerir, disse, em primeiro lugar, que o fogo não causava erosão, mas depois mostra para a mesma área, imagine-se, medidas de engenharia natural para mitigar erosão linear derivada a queimadas. Bravo!
Outra pessoa que, na minha opinião, tem minado a imagem dos bombeiros, é um investigador da UTAD, o Paulo Fernandes. Há uns tempos comecei a tentar perceber quem ele era, pois, na minha opinião, tinha um discurso pouco próprio por parte de um professor do ensino superior. Tal como o Henrique Pereira dos Santos, indicia ter uma atitude de que "eu é que sei, eu é que sou o especialista", contudo comete erros básicos, que demonstram uma clara falta de conhecimento pessoal sobre os bombeiros voluntários e sobre a sua acção no que concerne ao combate às chamas. Sobre este propósito, referiu, e passo a citar, algumas preciosidades:
1 - "A partir dos anos 80 a responsabilidade transitou para os bombeiros e tudo descambou a partir daí. O combate passou a fazer-se ignorando o comportamento do fogo e basicamente continua a ser assim"
2 - "em Portugal não há realmente combate a incêndios florestais. O que há é uso de meios de combate na protecção civil".
3 - "Na melhor das hipóteses temos bombeiros semi-voluntários, ou nem isso, porque se dividem nos que são do quadro das corporações e nos que são contratados para o Verão. PPP é o que temos hoje em dia no que toca a bombeiros e bem danosa é para o contribuinte"
Tratam-se de afirmações falaciosas e difamatórias do bom nome dos bombeiros, que apenas demonstram o enorme desconhecimento de causa, algo de grave a este nível. Pegando por exemplo na afirmação nº 3, e para quem não sabe, dentro de cada Corpo de Bombeiros existe um conjunto de assalariados, ou seja que fazem daquilo profissão. Há CB´s com 10 funcionários e outros com mais, dependendo da dimensão do CB. Estes funcionários garantem o socorro e os serviços de transporte durante a semana, de dia, enquanto tudo o resto é garantido por colegas que não têm salário e que fazem parte do mesmíssimo quadro de elementos, dito quadro activo (mesmo os assalaridos são voluntários no restante tempo. No Verão não há contratos, há sim 5 ou 10 elementos, maioritariamente desempregados, estudantes ou elementos que tendo emprego, tiram 1 ou 2 semanas de férias para ali estar, em turnos de 12 horas a 2 euros à hora (uma fortuna), tendo de pagar o próprio almoço. Se gastarem 5 euros no almoço ficam, "ao final do dia" com 19 euros no bolso (por 12 horas de serviço nas brigadas ECIN). Dizer que isto é danoso para o contribuinte é, no mínimo, risível... Falar em PPP´s com IPSS´s, em vez de empresas é também curioso.
Sobre o combate, não reconheço autoridade ao Paulo Fernandes para falar sobre o tema, pois a especialidade dele é comportamento do fogo e não de combate ao fogo, que, sendo complementares, não são a mesma coisa. Sobre afirmar que em Portugal não há realmente combate a incêndios, bem isso é ainda mais risível. Eu devo ser muito burro, já que parece que o que eu vejo fazer e faço deste sensivelmente 1993 (acho que foi o primeiro ano que fui para um incêndio) afinal não é combate a incêndios florestais. Se calhar andei a regar eucaliptos e não sabia. Há que realçar que também este investigador é frequentemente associado ao lóbi do eucalipto, algo que sendo legítimo, levanta, no meu entender, questões éticas, que colidem com uma abordagem estritamente científica e factual.
Para finalizar, a luta dos bombeiros é justa, pormenores à parte. Querem ajudar? Façam-se sócios e estejam atentos ao que por lá se faz. Se virem pessoal com calças rotas ao mesmo tempo que um comandante estoira centenas de euros a comprar pin´s dos bombeiros, esse objecto muito útil no socorro, questionem sobre prioridades. Se virem que as ordens são mais na base do amiguismo do que na base da operacionalidade, questionem! Se virem situações menos próprias, denunciem, pois melhores bombeiros fazem-se com exigência e responsabilidade. Analisem os orçamentos respectivos e pugnem por melhores condições para os bombeiros voluntários. Sobre esta última questão vem-me à memória um caso onde sendo o presidente simultaneamente presidente da Associação e de Câmara, este pouco ou nada fez para que os elementos da sua corporação tivessem benefícios reais e palpáveis. Logo que saiu da lides autárquicas o seu sucessor, de uma outra força política, apresentou logo uma proposta de benefícios reais e palpáveis. Curioso, sem dúvida.
E sobre os quadros de comando, exijam o melhor possível, longe de amiguismos. Há quem chegando ao topo se acomode e isso é muito negativo para uma corporação, a qual pode perder elementos vários em "guerrinhas" parolas à conta do DDT.
Tudo isto e muito mais contribui decisivamente para que tenhamos mais e melhores bombeiros voluntários. Os últimos anos têm sido complicados, com muita gente de valor a sair, seja por circustâncias da vida ou porque se fartaram dos amiguismos que privilegiam e protegem uns e mantêm à distância outros, não vá o feudo ficar ameaçado.
E, para finalizar, valorizem uma das coisas que melhor temos em Portugal, os Bombeiros Voluntários. E não confundam algumas ovelhas negras com o rebanho...
Para terminar, ser-se bombeiro voluntário é difícil e não é para todos, mas para quem estiver interessado, experimentem, pois vale a pena. Uma coisa a destacar? O que podem aprender sobre relacionamento humano, sobre o valor da vida e dos pequenos gestos que podem fazer toda a diferença!
16.12.18
Desenquadrado à boa maneira portuguesa...
A maioria das pessoas vai olhar para esta fotografia e dizer que não vê ali nada de especial. Eu vejo algo de especial, pela negativa.
É um de muitos aspectos que gosto de destacar sempre que os detecto, de forma a mostrar aquilo que não deve acontecer. O planeamento urbano não é fácil, tal como todos os que estudaram esta temática sabem, contudo há aspectos do planeamento urbano que, sendo óbvios, continuam a ser menosprezados. Falo, obviamente, da componente do desenquadramento urbano de alguns elementos da paisagem urbana. Será que é preciso ser especialista para perceber que aquele candeeiro não se enquadra nada bem naquela rua de Pombal? Para piorar o cenário, trata-se da parte antiga da cidade, o que teoricamente obriga a uma atenção especial, já que é de evitar tudo o que tem potencial para perturbar um equilíbrio da paisagem urbana. E não é caso único, nem em Pombal nem noutras vilas.
Se as falhas começam nos elementos mais elementares não é de esperar que as falhas vão ganhando dimensão quando começamos a falar de ruas, edifícios e afins. O que queremos afinal para o nosso espaço urbano, algo de bonito e enquadrado ou algo tipo salada russa? A qualidade de vida passa também por isto!
E quando disserem que isto é um pequeno pormenor que não perturba a paisagem urbana de qualidade, comecem a juntar os pequenos pormenores, que verão que são às centenas ou milhares, dependendo da aldeia, vila ou cidade...
12.12.18
Ver a Natureza com olhos de ver: reflectir é uma necessidade, não uma opção
No dia que escrevo este comentário lançaram-me um desafio, o de abordar a questão da caça. Isto depois de, numa rede social, e num grupo de Pombal, ter comentado sobre a questão da caça à raposa. O desafio foi-me lançado por um administrador do grupo em causa, ou seja o Isaac Mendes. Como o repto era interessante, decidi falar mais uma bocadinho do tema, já que de vez em quando falo aqui da questão da caça.
Hoje vou ser mais abrangente (embora não vá abarcar tudo nem de perto nem de longe..) pois irei falar de raposas, ginetas, javalis e outras coisas mais. Começando pela raposa, confesso que fico chocado com tanto ódio às raposas, algo que só acontece por uma clara iliteracia ambiental da população, com uns pózinhos de preconceito e estereótipo. Há vários episódios que vos posso contar sobre as raposas na região de Sicó. O mais triste é a quantidade de raposas atropeladas que jazem na berma da estrada (tal como ouriços caixeiros). Também triste é a imagem que guardo na minha memória de uma raposa que sobreviveu a um grande incêndio em Alvaiázere e que, à noite, encontrámos bastante perturbada no meio de um estradão naquela imensa área ardida. Mas há histórias felizes e uma delas foi ao pé de casa, a escassos metros do IC8, ao pé da nascente do rio Nabão. ia de bicicleta, vindo do Camporês, e virei naquele entroncamento que segue pela estrada municipal. O barulho de um camião a passar no IC8 tornou-me inaudível à raposa que ia na direcção do IC8, em busca do jantar do outro lado da estrada (animais mortos que lá colocavam num terreno, um problema e uma ilegalidade...). Distraída com o barulho do camião, só se apercebeu de mim quando estava a 5 metros dela, tendo mandado um salto daqueles que só visto. A felicidade por aquele momento mágico, de proximidade, foi algo de fenomenal!
Este ano o fim da caça à raposa foi chumbado, fruto da pressão do lóbi da caça, que gosta de ter todo o tipo de alvos disponível. Para mim este chumbo é um disparate sem sentido e sem fundamento, já que o problema não são as raposas. Como exemplo prático de que não são um problema, falo daquela acção de um particular lançar aves mortas para um terreno, que serviu como chamariz para as raposas, tornando também potencialmente vulneráveis as galinheiras da zona. Será que o problema era mesmo a raposa ou quem perturbou a dinâmica natural?
É nesta altura que alguns de vós dizem que elas matam as vossas galinhas e é aqui mesmo que vos pergunto se uma rede em pé significa segurança para as galinhas. Das várias pessoas que eu já ouvi queixarem-se das raposas lhes ir aos galinheiros, todas elas ficaram sem resposta, já que de facto não tinham capoeiras dignas desse nome. Não garantem a segurança às galinhas e depois queixam-se... típico. Já parece o pessoal que tem rebanhos e diz mal dos lobos, mas que quando se vai a ver nem um cão tem para garantir a segurança dos rebanhos (tendo um ou mais cães os ataques são virtualmente inexistentes).
Será que já parámos para pensar e perceber que o problema somos nós, com a destruição de habitats e com a fragmentação de habitats? Já agora, quantos exemplos vocês conhecem, em Portugal, de infra-estruturas que permitam o atravessamento em segurança nas estradas que nós construímos em cima dos habitats dos outros animais? Pois é...
Falemos agora de ginetas e de saca-rabos. Eu tenho uma galinheira, onde estão as minhas belas galinhas. Há uns anos, e porque nunca tinha tido problemas, facilitava, não fechando as galinhas à noite. Tinham um recinto murado (2 metros) e isso já era uma boa segurança, pensava eu... No espaço de 2 anos houve vários ataques, quase todos perpetrados por uma gineta ou saca-rabos (não sei qual deles...). Resultado? Quase 20 galinhas mortas. O que fiz? Comecei a fechá-las à noite. Mas mesmo aí foram novamente atacadas, já que o bichinho encontrou um buraco entre a parede e o telhado. O que fiz? Tapei e nunca mais tive problemas. Isto é que poucos fazem, preferindo apontar o dedo à raposa, gineta ou saca-rabos. Quase todas as pessoas com as quais falei sobre isto me disseram: era "matá-los a todos" (os animais em causa). Já não disseram o mesmo quando um cão me atacou as galinhas e matou 5 já grandes, aí já era coitadinho do cão que estava com fome ou que fugiu do dono. Uma coisa é certa, se eu visse por lá uma raposa não a matava e se apanhasse o cão a história seria bem diferente... E aí surgiria o fanatismo de alguém ligado a alguma pseudo associação de amigos dos animais, com 7 pedras na mão...
Mas falemos agora de javalis. É uma história complicada, pois eles são uma praga que, imagine-se, são alimentados por alguns caçadores, aos quais importa manter exemplares suficientes para fazer a típica batida ao javali. Lembram-se daquele estradão ilegal que, alegadamente denunciei na Serra de Ariques, em Alvaiázere, em 2007? A razão principal era alegadamente para ter uma estrada para a batida ao javali...
É uma realidade que conheço bem, pois em miúdo uma das tarefas que tinha de fazer era um trilho no mato, a ver se algum javali tinha ficado no laço. Comi vários javalis e sendo a carne bem cozinhada era um mimo! E para a arca congeladora era uma boa reserva para uns meses.
Há inclusivamente caçadores que colocam óleo queimado em poças, para os javalis... Um atentado ambiental daqueles à maneira.
No caso dos javalis, defendo a caça aos mesmos, contudo não no molde actual, o qual priveligia uma acção que se foca apenas no extermínio dos animais, em vez de uma necessária gestão da espécie, que regularmente causa prejuízos substanciais a alguns agricultores.
Resumindo, não há uma gestão da coisa, seja com os javalis, raposas ou outros mais. Há sim um dispara e o resto é secundário. E o lóbi da caça continua a perverter a lógica. Tenho vários amigos caçadores e os mais novos são mais conscientes, contudo há ainda muita cabeça cheia de palha no mundo dos caçadores (já vi coisas muito mázinhas feitas pelos caçadores, ao contrário de coisas positivas, que escasseiam). As coisas têm melhorado nos últimos anos mais porque os velhotes vão deixando a caça. E não me deixo enganar pela retórica do lóbi da caça, que tenta manter o status quo. Isto mesmo que o paradigma em torno da caça seja actualmente bem diferente do de algumas décadas.
O problema essencial é um só, ou seja a falta de consciência de todos nós sobre o mundo natural, uns em maior grau outros em menor grau. Estamos cada vez mais afastados dos valores naturais e isso tem consequências gravíssimas a todos os níveis. Não é portanto de admirar que haja quem aplauda caça à raposa, por um lado, e, por outro, que ache que é correcto ter máquinas de lavar roupa velhas a servir de abrigo para gatos vadios (o lóbi das rações para gatos e cães já é muito grande...). Poucos vão compreender o que quis dizer com isto, mas quanto a isso só posso fazer uma coisa, pugnar pela literacia ambiental.
Eu tive a felicidade de na infância ter como recreio a floresta, algo que me expôs a toda uma série de elementos, tornando-me alguém muito próximo da Natureza e dos valores naturais. O facto de aos domingos de manhã a "missa" ser o BBC Vida Selvagem também ajudou.
Não pretendo que todos sejam como eu, mas sim que todos sejam conscientes do que vos rodeia, concretamente a Natureza e os valores naturais. São a nossa casa e o suporte da nossa existência, sabiam?
Para terminar, e de forma a resumir tudo isto, sugeria-vos que lessem um livro daqueles com potencial de transformar a vossa visão sobre o mundo natural. O título é "Pensar como uma montanha" e o autor é Aldo Leopold. Um livro de fácil leitura. Aos que o fizerem, no final da leitura falem comigo sff...
8.12.18
Uma limpeza, uns sacos de cal e o aspecto era logo outro...
Esta é uma das imagens visuais que me fica na memória sempre que visito a Redinha. Não falo no edifício religioso em si, mas sim no aspecto do mesmo, ou seja com vegetação e a precisar de ser caiado. Sim, caiado, e não pintado!
Não compreendo como é que, num local tão aprazível para quem visita a região de Sicó, se descura pormenores como este, que prejudicam a imagem do local. Este era o aspecto aquando da minha última visita à Redinha, em Agosto último. Se este edifício fosse limpo e caiado, o aspecto seria fabuloso e o cartão de visita da Redinha teria um melhoramento necessário, que importa não menosprezar. Aquela praça é um local bem catita para visitar e desfrutar, portanto há que pugnar pelas desejáveis melhorias.
No que concerne ao património edificado os olhos também comem. A dica está dada...
4.12.18
Lembram-se?
No início de Agosto deste ano fiz um comentário centrado na temática das fontes públicas, nomeadamente da sua importância para quem nos visita, especialmente no Verão, onde a água é lembrada por todos como um recurso fundamental à nossa sobrevivência. Agora, e quando andava a programar os próximos comentários no azinheiragate, dei com esta fotografia, a qual já estava meia esquecida nos arquivos (preferi esperar para voltar ao tema, já que há que lembrar que daqui a uns meses o Verão volta...). Tem três curiosidades, a primeira é que foca precisamente o tema em análise e a segunda é que foi tirada apenas 6 dias depois do comentário acima referido. Já a terceira é uma curiosidade curiosa, passe o pleonasmo. É que este ciclista/turista estrangeiro que passou pela região de Sicó, neste dia por Ansião, entrou, sem se aperceber, pelo percurso dos carros alegóricos, nas Festas do Concelho, e só quando chegou frente à Câmara é que percebeu que estava a mais, tendo saído rapidamente do percurso.
Os registos fotográficos permitem várias coisas, congelar no tempo momentos e ajudar a monitorizar aspectos curiosos que, por vezes, validam o que muitos de nós afirmam. O que vale é que os discos externos permitem guardar milhares de fotografias...