Foi por mero acaso que há semanas atrás tive a oportunidade de registar o(s) momento(s) fotográfico(s) que estas duas fotografias representam. Felizmente que assim foi, pois foram mais umas quantas preciosas fotografias que entraram no meu arquivo fotográfico, parte do qual utilizo para ilustrar estes meus comentários.
É conhecida a minha posição acerca das obras de requalificação das margens do Rio Nabão, em Ansião. Concordei que se fizessem obras, no entanto não tal como foram efectuadas, a regra e esquadro, não levando em conta aspectos básicos da dinâmica ribeirinha. Tal como referi nos vários comentários que já fiz sobre estas obras, os problemas iriam surgir, uns mais tarde, outros mais cedo.
Há poucos meses atrás, ainda não estando inaugurado o troço intermédio das obras, já um muro reconstruído tinha ruído, mais uma prova de obra mal feita. Muitas pessoas tiveram a oportunidade de constatar isto mesmo.
Estas duas fotos representam um desses erros graves do projecto, ou seja a omissão da variável sedimento, a qual é fundamental na dinâmica de um riacho, ribeiro ou rio. Faz-se asneira e depois as máquinas que tratem do problema. Quem não levou em conta esta pequena grande variável, não estará concerteza preocupado, pois o passivo, esse alguém terá de levar com ele em cima. Basicamente quem elaborou o projecto cometeu erros crassos e o contribuinte, esse pobre coitado, terá de pagar com os seus impostos, anos e anos a fio.
Quando se ignora elementos básicos de um qualquer projecto, acontece tal como está a acontecer. Esta pseudo limpeza, essa terá de ser repetida vezes sem conta. Impermeabiliza-se troços fundamentais de um rio na esperança que exista água que escasseia. Estudo hidrogeológico, que bicho é esse?
Este projecto foi mal fundamentado, o que levou a que fosse feito com base em falsos pressupostos e, mais uma vez, o resultado está à vista.
Em ano de eleições, há que salientar vários pontos, uns positivos, outros francamente negativos. Os pontos positivos, esses o pasquim partidário fará concerteza as honras da casa em termos de divulgação. Os pontos negativos, esses já são mais custosos de surgir, mas aí entra quem, como eu, tem a frontalidade de os apontar de forma honesta e construtiva. Obviamente que também divulgo o que de bom por aqui se faz, mas isso também é por demais conhecido.
Aqui fica então mais um erro, entre muitos outros, de um projecto pensado de forma muito supérflua. No próximo ano irei aprofundar esta questão através de uma iniciativa voluntária, consubstanciada num projecto ímpar a nível nacional, do qual posso dizer que faço parte, muito embora ainda não tenha tido tempo para iniciar a partilha de conhecimento que, à parte do conhecimento geográfico prévio, obtive quando tive formação de monitor deste muito interessante projecto. Até lá...
O que eu acho mais estranhos João, é que quem vive à beira do rio há alguns anos já previa o que ia acontecer... E tive alguns engenheiros amigos, que foram aí passear em visita que falavam já disso mesmo. e não são especialistas em hidrologia... Os pontos em que o rio ia ruir, a sedimentação não estudada, os canositos magrinhos insuficientes para deixar passar a enchente de inverno,etc.
ResponderEliminarSerá assim tão difícil compreender, olhando para o comportamento das águas ao longo dos anos como é que se processa o comportamento hidrográfico da coisa? Um dos pontos que ruiu foi exatamente onde havia uma pequena nascente (quem visitava o rio semanalmente conhecia) e onde o rio vinha a ganhar terreno de há uns anos para cá... Já me lembra a roda do lagar. Primeiro fazem como acham que é (ignorando as opiniões de quem conhece a coisa, porque é uma opinião popular) e depois da asneira pedem esclarecimento científico do "porque é que não funciona?"... Haja mentalidades a mudar!!