Decorreu este mês mais uma BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa, montra para o turismo português, para Portugal e para tantas regiões e patrimónios localizados nas mesmas. Sicó deveria ser uma destas regiões a estar presente na BTL com um expositor próprio. Infelizmente não esteve presente, pois quem esteve presente foi por exemplo a Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, com um expositor que focava o belo Museu POROS. Esteve também presente a Comunidade Intermunicipal Região de Leiria. Ansião marcou presença, sem expositor próprio e Soure marcou presença através da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, tal como Penela. Pombal esteve, genericamente falando, ausente, apesar de ter visitado institucionalmente o evento. Alvaiázere marcou presença através do Turismo de Portugal.
O que é que isto nos diz? Bem, diz que o que há tantos anos a Terras de Sicó afirma e publicita não passa de um rascunho, ou seja que Sicó enquanto região turística por si mesma é inexistente. Aquela conversa que nos vendem há tantos anos não corresponde à realidade. Se correspondesse à realidade e a um projecto real, teríamos um stand próprio da região de Sicó, onde estariam presentes todas as muitas riquezas e atracções que Sicó tem para apresentar a turistas nacionais e internacionais. Haverá maior prova da inaptidão da Terras de Sicó na projecção de Sicó enquanto região com uma identidade, cársica, especial? Temos um Sítio RN2000 - Sicó/Alvaiázere, temos um (mau) projecto para uma paisagem protegida, temos pontos de interesse turísticos Q.B. e não temos ainda uma identidade Sicó que valorize a região e com isso todos os municípios de Sicó? Porquê?! A resposta não é fácil e tem raízes profundas, mas se tivesse de resumir numa palavra a resposta a esta questão, diria "capelinhas". Há poucas semanas estive com um ex autarca e ele acabou por mostrar o que eu referir atrás, já que ele disse algo como isto: "ah, eu gosto muito dos meus vizinhos mas eu sou mais importante do que eles". Uma afirmação destas ilustra bem o porquê dos sucessivos falhanços em termos de desenvolvimento territorial, onde cada um quer ter a sua piscina, o seu campo de futebol, a sua zona industrial, a sua auto-estrada, etc. Nunca se pode pensar assim, já que se os nossos vizinhos não estão bem, nós também não estaremos. Sicó é uma região com características próprias, portanto estar a querer inventar a roda em cada um dos municípios em separado é um tiro no pé.
Como é possível por exemplo a Praia das Rocas ter um expositor (muito bem!) e Sicó não ter um expositor próprio?!
Não é por acaso que há uns tempos li uma entrevista a um jovem empreendedor onde este se queixava que não conseguia vender o destino turístico Sicó lá fora. Como é óbvio, não consegue, já que quem deveria fazer esse trabalho não o fez. É um trabalho que demora anos a fazer, mas que, bem planeado terá efeitos muito positivos. E até que esse trabalho seja eventualmente feito, passarão mais uns anitos, os quais atrasarão ainda mais a região de Sicó. Tal como eu referi há alguns dias noutro comentário, os anteriores autarcas, bem como alguns dos actuais, pensam ainda em focar a sua estratégia em... zonas industriais, relegando esta questão para segundo plano...
E o triste é que temos tudo para ter sucesso, já que temos profissionais capacitados, gente de grande valia, capazes de esboçar um projecto "Sicó turística", riquezas patrimoniais que sustentem uma estratégia turística de sucesso. Falta o essencial, mudar o paradigma, mudar as mentalidades e acabar com as capelinhas e vícios associados, que tanto têm atrasado Sicó na senda do desenvolvimento territorial.
Não podemos ser uns paninhos quentes e ter receio de falar dos factos, já que assim seremos cúmplices no atraso de Sicó...
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