25.8.20

O mês de Agosto: crónica da difícil defesa do património



A defesa do património, seja ele natural ou não, é uma tarefa difícil e, diga-se, perigosa. É deste último prisma que pretendo falar, ou seja quando a nossa integridade física é posta em causa por causa desta luta. No caso que descrevo, é talvez a forma mais antiga que arranjei para ser um activista/defensor do património, ou seja um defensor da floresta, começando em 1991. De entre estes defensores, estão os bombeiros voluntários. Foi nessa qualidade que em 2005 tive um grave acidente num incêndio. Não envolveu chamas, mas sim um veículo ligeiro de combate a incêndios. De forma resumida, passou-me por cima, naquela segunda noite de combate a um incêndio, ali nos limites entre Ansião e Alvaiázere. A culpa foi da exaustão, a qual é inevitável e que nos torna a todos quase que uns zombies ao final de muitas horas seguidas no fogo. Falo agora desta situação porque fazem este mês 15 anos do acidente e, por isso, estou mais estimulado para o fazer. A imagem que faz companhia a este comentário foi tirada há pouco tempo. Já não fazia fisioterapia há 14 anos, a qual tem o intuito de mitigar as mazelas desse acidente. Mas o que mais me chocou não foi tanto o acidente em si, mas sim o que se passou após o mesmo. De forma resumida, acabei por ter de pagar a fisioterapia do meu bolso, ou seja, tive uma despesa total de 700 euros após o acidente. A seguradora não pagou porque o mediador fez asneira. Além disso, o mediador era amigo de quem me preencheu a declaração do acidente. Quem a preencheu disse em tempos que iria pedir responsabilidades ao mediador, contudo isso nunca aconteceu e nenhuma das entidades em causa me ressarciu do valor. Até há uns anos cometi o erro de confiar nesse indivíduo, o qual de referência passou a ser um mero ressabiado já numa trajectória profissional, moral e ética descendente. Faz o que eu digo, não faças o que eu faço, tornou-se o seu lema. Tenho a infelicidade de recorrentemente me lembrar desta situação, dado que as dores ou o simples incómodo derivado das mazelas é constante, uns dias melhores, outros nem por isso. A luta em prol do património, sem intuitos comerciais ou outros interesses ou benefícios pessoais não é nada fácil. Há consequências várias, desde mazelas, stress, noites e dias “perdidos”, uma vida que não se vive na sua plenitude (ex. familiar), desilusões derivadas de descobrirmos que quem parecia a virtude em pessoa é um mero ressabiado com outros interesses além do dar o melhor de si, episódios de desemprego induzido por vinganças e episódios onde as oportunidades nos são negadas porque somos uma voz incómoda. E muitas outras coisas mais que um dia escreverei. Sicó é um território fértil nestes episódios... Se tem valido a pena? Podem apostar! Sozinhos não conseguimos mudar o mundo, contudo juntos somos mais fortes! Eu já provei que sozinho sou capaz de muito. Eu já conheci muitas pessoas que, tal como eu, em maior ou menor grau, deixam a sua marca em prol do património e sem outros interesses a toldar essa marca. Posso dizer que, ao contrário dos virtuosos, já gastei muito dinheiro na defesa do nosso património. Não o vejo como um gasto, mas sim como um investimento. Os próximos anos serão exigentes, daí vos pedir garra para o que aí virá...

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