Nota: como já previa que o vídeo fosse retirado, tinha este print pré-preparado...
Foi por mero acaso que me deparei com este vídeo há poucas semanas. Fiquei indignado, já que o vídeo retrata basicamente 3 jovens a praticar enduro no topo da Serra de Alvaiázere, mais precisamente dentro do perímetro do povoamento arqueológico ali situado.
Para quem não sabe nada sobre este enorme povoamento arqueológico, fica a bibliografia:
Félix, P. (1999) - "Serra de Alvaiázere: um povoado do Bronze final no centro de Portugal", Al-madan. Almada
A história em redor deste povoamento arqueológico é das mais tristes que conheço. Se fosse num país desenvolvido, este recurso já estaria devidamente salvaguardado, valorizado e rentabilizado. Mas afinal estamos em Portugal, mais especificamente em Alvaiázere, um território recheado com recursos dos mais variados tipos, os quais em vez de serem potenciados pelas autoridades locais são degradados e/ou destruídos por locais, entidades públicas e entidades privadas. Isto ao mesmo tempo que o poder político se queixa de uma suposta interioridade...
É a ironia suprema, serem os actores locais a fazer o serviço de coveiro do seu próprio território. Não precisou vir ninguém de fora para lixar o património, já que eles têm tratado do assunto com as próprias mãos, seja de forma activa ou passiva, e, diga-se, com sucesso. E quando as coisas correm mal, a técnica é apontar o dedo a quem é de fora e tem vindo a denunciar dezenas e dezenas de casos polémicos naquele belo território.
Nunca houve um real interesse na preservação deste sítio arqueológico, essa é a triste verdade. A única vez que se falou a sério dele foi quando... estorvava ao parque eólico e ao flop político que nessa altura estava no poder. Depois disso voltou a cair no esquecimento, daí ser normal ocorrer o vandalismo TT que se vê no vídeo, onde se pratica enduro dentro de um sítio arqueológico, por cima de artefactos da idade do Bronze e posterior.
É triste ver que os anos passam mas que pouco ou nada se aprende... Enquanto isso a população definha, tal como a cultura e a actividade económica. E muitos jovens vão... para outras paragens, já que a sorte em viver ali é só para alguns. Alvaiázere merecia melhor sorte...
Mais triste é que apesar de haver ali os recursos humanos necessários para que o problema seja resolvido e que este povoamento arqueológico tenha o seu merecido reconhecimento, não há a literacia arqueológica das entidades públicas para dar bom seguimento a esta questão...
Resumindo, fora com as motos e jipes do perímetro arqueológico do Castro da Serra de Alvaiázere!
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