Fonte: Nº 343 do Jornal Serras de Ansião (excerto)
Gosto bastante de falar sobre a imprensa regional e pugno, de facto, pelo apoio à imprensa local. Contudo o meu apoio só é efectivo quando se trata de imprensa local competente, isenta e baseada na ética jornalística. E, claro, só apoio a imprensa local que não tenha adoptado o lixo do desacordo ortográfico (na edição em causa deram um belo tiro no pé...). Não recomendo, portanto o Jornal Serras de Ansião, já que, na minha opinião, deixou de ser um Jornal competente o suficiente, isento e sustentado numa ética basilar, culpa, na minha opinião, do seu director. Para mim é apenas uma ferramenta política e pouco mais, dado o percurso que tem feito nos últimos anos. Basta ver os detentores do capital deste jornal para perceber esta questão...
Há muitos anos ainda lia o Jornal Serras de Ansião, pois além de não estar tão politizado, fazia umas belas reportagens de investigação sobre vários temas. Depois começou a ser muito poupadinho nessa questão e, depois, adoptou o desacordo ortográfico. O seu director seguiu a (i)lógica de começar a casa pelo telhado, sendo, para mim, o grande responsável pelos erros cometidos pelo Serras de Ansião, facto já por aqui referenciado.
Mas vamos ao que interessa. De vez em quando avisam-me de algum pormenor que pode eventualmente ser de interesse para mim e, excepcionalmente, vou ver.
Na página nº 7 da actual edição deste jornal, consta uma nota sobre mais uma importante descoberta (entre outras) de uma espeleóloga sobejamente conhecida, a Sofia Reboleira, a qual tem feito um percurso e descobertas notáveis nos últimos anos. Desta vez tratou-se de mais uma descoberta associada à região de Sicó. Até aqui tudo bem, contudo o Serras de Ansião mostra que, com esta notícia, fica muito aquém na hora de saber informar sobre questões científicas. Não é desta forma que se comunica ciência meus caros, portanto há que trabalhar muito bem esta questão. O texto deixa muito a desejar, com uma linguagem desajustada, pouco pedagógica e com imprecisões graves (e já agora, sem imagem ou desenho do espécime...). Fazer notícias com base em notícias dá nisto. Para comunicar ciência há que trabalhar bem a questão, seja nas fontes, seja na forma de transmitir os factos. Pegando no título deste comentário, que fui "roubar" ao blogue "DE RERUM NATURA", fica a sugestão ao Serras de Ansião para que invista na hora de saber comunicar ciência, já que pior do que não comunicar ciência é mesmo não saber comunicar ciência.
E ainda dou uma sugestão ao Serras de Ansião que pode ajudar a ultrapassar esta falha grave. Pode tentar entrevistar o Prof. António Piedade, da Universidade de Coimbra, que é um notável comunicador de ciência, com vários artigos e livros publicados nesta temática muito particular que é a de bem comunicar ciência.