9.8.17

Batota no orçamento participativo?


Confesso que não esperava tal coisa, contudo parece que aconteceu. Os orçamentos participativos (OP) são recentes em Portugal e ainda mais recentes na região de Sicó, facto que leva ao inevitável chico-espertismo de alguns, aliás típico em processos deste género e durante os primeiros anos dos mesmos. Há uns dias vi uma mensagem, num grupo do facebook do Avelar, de um apoiante de um dos projectos do OP, indignado sobre algo que se passou. Supostamente a urna de votação foi violada para contabilização dos votos, algo muito de estranho num processo destes. Ao contrário do que dava a entender, esta acção alegadamente não terá ocorrido apenas no Avelar, mas sim noutros locais com urnas, já que havia duas formas de votar, online ou presencialmente.
Julgo que isto terá a ver com o facto de, alegadamente, terem sido detectados boletins de voto fora do edifício onde estava sediada a urna do Avelar. A ser verdade trata-se de batota. Por mais valor que tenha um projecto, ele de nada vale se ganha através de batota. É normal querermos ganhar, contudo não é aceitável fazer batota.
Mas o caso não fica por aqui, já que apesar dos resultados só estarem anunciados para o dia 11 de Agosto, a 5 de Agosto já eu tinha visto uma ficha com os resultados em dois grupos do facebook. Mas há mais, já que já em Julho tinha ouvido uma pessoa, apoiante de um outro projecto, a afirmar que sabia como estava a decorrer a votação online. Isto significa que, alegadamente, sabia de algo que não era suposto alguém saber. E, sabendo regularmente o número de votos dos outros projectos, que naquela altura eram alegadamente desfavoráveis ao seu, dava para fazer um jogo pouco transparente em termos éticos. Não era suposto isto acontecer num processo que se pretende tanto transparente, como digno de uma verdadeira democracia participativa.
Ou seja, esta votação está, na minha opinião, enviezada e a duas frentes e, por isso, ferida de morte. A bem da transparência e da democracia participativa urge anular os resultados e repetir a votação, de modo a legitimar todo este processo. Neste momento, e tendo por base o que alegadamente sucedeu, o processo está completamente descredibilizado.
Um orçamento participativo não é compatível com batotas nem com compadrios, já que se assim for é outra coisa que não um OP. E não, não é fechando os olhos a este tipo de situações que nos tornamos um país e uma região valorosa, muito pelo contrário... E sim, ter acontecido o que aconteceu é grave!
Polémicas à parte, parece-me que este OP seguiu um caminho que desvirtua claramente um processo destes. O projecto que ganhou não deveria sequer participar neste OP, já que a verba para a compra deste importante equipamento deveria estar naturalmente consignada no respectivo orçamento anual da protecção civil municipal. Os OP não podem servir para "tapar buracos" como poderá vir a ser este o caso...

1 comentário:

  1. Olá João. Perfeito em todos os planos. Tens crescido tanto. Força.

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