10.4.17

O pior inimigo do património dá pelo nome de iliteracia ambiental


É, no meu entender, a questão mais sensível e complexa quando se trata de abordar a questão do património. É, portanto, algo que importa debater neste espaço, onde miúdos e graúdos costumam investir uns minutos a ler estas linhas.
Nos muitos anos que levo de activismo ambiental já vi muita coisa, sendo que hoje utilizo esta situação para falar dos porquês de alguns dos disparates que se vêem pela região de Sicó. Trata-se de um caso ocorrido perto da nascente do Olho do Tordo, em Alvaiázere, mas já na freguesia de Pelmá. Desloquei-me ao local, após ter ouvido em conversa que ali se havia passado algo. Ao chegar lá fiquei perplexo com o que vi, já que não fazia sentido algum. Umas quantas azinheiras partidas por uma máquina, a qual fez uma valeta num local onde não faz sentido algum a fazer.
Como costume fiz o trabalho de casa e tratei de investigar o caso. Poucas horas depois informei a Câmara Municipal de Alvaiázere sobre o sucedido, pedindo a esta entidade que indagasse sobre o caso. Poucos dias depois fiquei a saber que alegadamente tinha sido a Junta de Freguesia de Pelmá a fazer este disparate. Fui informado que o autarca respectivo alegadamente não saberia que isto não se poderia fazer, facto que estranho bastante, ainda mais sabendo o historial da bela azinheira pelos lados de Alvaiázere.
Mas isto leva-nos a algo de importante, ou seja a incipiente literacia ambiental neste território e noutros mais, facto que nos deveria deixar a todos preocupados. Não é admissível que em pleno século XXI ainda subsista tamanha iliteracia ambiental, especialmente por parte de autarcas, os quais têm a obrigação de saber os mínimos nesta temática. É por isto mesmo que há muitos anos defendo publicamente que os autarcas deveriam ter noções básicas sobre ordenamento do território e afins.
E, antes que alguém venha com a conversa do costume, não, ao falar de iliteracia ambiental eu não estou a afirmar que há pessoas menos inteligentes, mas sim a afirmar que há pessoas com responsabilidades que não sabem o que deveriam saber. Se é certo que é pouco provável que estes possam saber tudo o que é necessário, é certo que estes têm de estar munidos das ferramentas básicas que os ajudem a desenvolver as suas acções enquanto autarcas. 
Esta é a minha luta, pugnar pela literacia ambiental e cívica. Foi, é e será uma luta difícil, contudo posso-vos garantir que vale mesmo a pena. Todos ficam a ganhar com a literacia ambiental e ninguém perde com isso!


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