22.1.16

Uma decepção de transportes públicos


Sou do tempo em que apanhar um autocarro ainda era um hábito para quem precisava de ir até outras paragens. Fosse para Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto, ou outros mais, ainda se conseguia embarcar facilmente. Entretanto os anos passaram e as coisas começaram a ficar mais escassas. Os horários mudaram, alguns pontos de paragem deixaram de existir e o sistema de transportes públicos foi ficando mais pobre. Nada de anormal, tendo em conta as políticas que favoreceram escandalosamente o automóvel. Uma das coisas que mais me foi incomodando foi por exemplo ver aumentar o número de carros a circular no IC8 apenas com um ocupante. Ao mesmo tempo deixei de ver o pessoal a pedir boleia, pois hoje em dia dizem que é perigoso...
Não se tem debatido o tema dos transportes públicos, se calhar porque não é chique. Não se tem debatido a temática da mobilidade na região de Sicó, daí não surgirem soluções para um problema real e cada vez mais actual. Inovação nem vê-la...
Gostava que esta questão fosse debatida por todos nós, daí este comentário. Sei que serão poucos os que se vão dar ao trabalho de ler estas linhas, mas afinal isto é mesmo assim, só para quem se interessa.
Mas não quero falar apenas de transportes públicos, pois estes podem e devem estar associados a outras formas de mobilidade, caso das bicicletas. Quantos utilizam a bicicleta como transporte no seu dia-a-dia? É certo que não são todos que o podem fazer, já que, por vezes, a distância é impeditiva, no entanto quantos é que o poderiam fazer e não fazem porque não estão para isso? Há alguma empresa que premeie o trabalhador por ir de bicicleta para o trabalho? E o Estado, porque não apoia medidas deste tipo? Porque não se vê um único autocarro com suportes para bicicletas, tal como se vê nos tais países que tanto gabamos quando queremos falar em progresso? Nos comboios da CP, que passam por Pombal, já se começa a ver isso, embora a capacidade seja mínima. 
Falando nos comboios, como é possível ficar quase ao mesmo preço ir de carro ou de comboio para destinos a várias dezenas de km? E isto sabendo que os horários são pouco flexíveis e os atrasos comuns. Há 6 anos eu costumava fazer uma viagem de comboio que, ida e volta, ficava a 23,5 euros. Poucos meses depois já ficava por mais de 30...
São estas pequenas coisas que precisamos de reflectir seriamente, pois ao nível da mobilidade, falta uma estratégia para esta região. Obviamente que é uma realidade particular, mas basta querer para as coisas surgirem...

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