Já andava a pensar neste caso em particular e, depois de uma conversa casual, onde surgiu a casa em causa, decidi que era hora de, utilizando a casa como motivo, abordar uma questão que muito me perturba enquanto geógrafo e enquanto cidadão.
A imagem que a fotografia ilustra faz parte de uma paisagem urbana que me acompanha há muitos anos, representando também património a preservar. Esta paisagem urbana tem-se caracterizado por dois factos principais, (1) a descaracterização urbana que, sob o propósito de uma espécie de requalificação urbana, se assistiu na Vila de Ansião e (2) a ruína consentida de vários edifícios com história. Esta casa catita é um dos exemplos da ruína consentida, a qual ganhou força nos últimos anos, desde que o telhado caiu. Felizmente que, na parte das paredes mestras, concretamente na fachada, o telhado tem-se aguentado, o que garante que a parede vai aguentar mais uns anos. Para o dono isto será eventualmente uma má notícia, pelo menos fico claramente com essa impressão depois de ver o desprezo a que este belo edifício tem sido votado na última década.
Estou curioso para ver se de alguma forma no novo PDM de Ansião irá incluir algumas medidas que impeçam de alguma forma a ruína consentida deste tipo de edifícios e que dificultem a vida de quem prefere deixar cair a recuperar. Aproveito para informar quem ainda não sabe, que o PDM de Ansião está em discussão pública, portanto toca a participar, pois a cidadania passa também por aí!
O eventual interesse no "cai cai" poderá dever-se a um facto muito simples, o de que esta área é bastante apetecível em termos de promoção imobiliária. Depois desta casa ir completamente abaixo fica o caminho livre para eventual construção de duas ou três moradias, o que em termos económicos é altamente vantajoso para o proprietário. Isto acontece um pouco por todo o lado, sendo infelizmente uma realidade bem presente neste país. O ordenamento do território é um faz de conta.
O eventual interesse no "cai cai" poderá dever-se a um facto muito simples, o de que esta área é bastante apetecível em termos de promoção imobiliária. Depois desta casa ir completamente abaixo fica o caminho livre para eventual construção de duas ou três moradias, o que em termos económicos é altamente vantajoso para o proprietário. Isto acontece um pouco por todo o lado, sendo infelizmente uma realidade bem presente neste país. O ordenamento do território é um faz de conta.
Eu vejo a coisa de um outro prisma, pois para mim o interesse da comunidade está acima do interesse individual, daí defender a reabilitação deste edifício, bem como de muitos outros por ali e não só. Não deve ser o lucro a guiar a questão urbanística, o lucro deve ser um meio para e não um fim.
Apesar de serem várias as pessoas que partilham a minha opinião, reparei que são nenhumas as que fazem questão em debater abertamente este assunto. Não lhes perguntei porquê, mas imagino...
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