13.1.15

Carvalhices em Almoster: a esperança é a última a morrer...




É um caso sobre o qual me debrucei após um pedido de ajuda por parte de algumas pessoas de Almoster, em Alvaiázere. Até hoje nunca recusei prestar algum tipo de ajuda quando me solicitaram a mesma, daí este ser mais um caso a analisar. É uma situação que dei especial atenção porque este é um daqueles casos que podemos utilizar como exemplo em termos de educação ambiental, dado o seu potencial pedagógico.
Passando à descrição da situação, fui informado que havia a intenção de mandar cortar o carvalho que podem ver nas duas primeiras fotografias. Para uma das pessoas é apenas um carvalhito, para outras é mesmo um carvalho já com algumas décadas de vida.
Num fórum do facebook iniciei o debate, de modo a que mais se juntassem ao mesmo, o que acabou por acontecer e se desenvolver durante mais de 40 comentários. Várias foram as pessoas que apoiaram a minha posição, de manter o carvalho tal como está. Duas ou três outras pessoas não deram apoio, pois mostraram-se favoráveis ao seu abate. Todos expressaram a sua opinião, argumentando das mais variadas formas. Felizmente que o debate embora algo aceso, se manteve sempre numa linha de correcção, sem abusos, o que é algo de raro hoje em dia nas redes sociais. A este debate juntou-se o Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Almoster, que acabou por contribuir com dados importantes para o debate.
No final desse frutuoso debate, fiquei a saber que a decisão do abate do carvalho terá passado ao lado do Padre respectivo, sendo que mais parece que outras pessoas, sob a capa da igreja, estão a tentar fazer algo que não é da concordância do padre e da maior parte dos paroquianos. A justificação que me foi apresentada será a de que "faz lixo", algo que eu considero sem cabimento algum. Como podem ver na fotografia, lixo é coisa que ali não existe, existem sim folhas no chão, algo de normal. Se vão algumas folhas para as caleiras é simples, as mesmas podem e devem ser limpas.
Aquele carvalho produz oxigénio, faz a preciosa da sombra e diminui a temperatura em redor do mesmo, algo que no Verão sabe muito bem. Umas cadeirinhas ali por baixo e ainda se pode fazer uma reunião de amigos ou uma bela festa. Há tantas coisas boas associadas aquele carvalho, porquê cortar?!
Pelo que fui informado, há um projecto de requalificação para aquela área, o qual tem prevista a manutenção do carvalho e de outros que por ali existem, tudo em plena harmonia, tal como eu considero que deve ser. Então porque é que há alguém a pretender abater aquele carvalho? Será que aquele carvalho não é património, não faz parte da identidade local? Que tem a Comissão Fabriqueira a dizer sobre isto? Esta questão não diz apenas respeito a esta Comissão, mas sim ao Padre, aos paroquianos e a todos os contribuintes. 
Espero que o debate que iniciei seja um contributo para a continuidade daquele carvalho, até porque ficou à vista que a maior parte não concordará com o seu abate. Não vislumbrei uma razão válida para o abate daquele carvalho. Espero também que cada vez mais pessoas se apercebam da importância dos espaços verdes nos perímetros urbanos, pois, e ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, as árvores também têm ali um espaço próprio, o qual favorece de sobremaneira o nosso dia-a-dia. Irei dar mais atenção a esta questão, fica a promessa.
Para finalizar, um desafio, a todos sugiro algo de muito simples, mas cheio de significado. Vão até ao pé do carvalho, dêem-lhe um abraço e, aí, respirem fundo. Utilizem todos os vossos sentidos. É um pequeno e simples gesto humano que muitos já esqueceram nas suas vidas. É um pequeno gesto que vos pode trazer muitas recordações, as quais irão desaparecer se o carvalho for cortado. 
Quem não está bem com a Natureza não está bem consigo mesmo. Não há nós e a Natureza, nós somos parte da Natureza!


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