Não pensava voltar a esta questão tão rapidamente, no
entanto, e tendo em conta recentes desenvolvimentos, torna-se pertinente mais
um comentário sobre uma situação que eu considero gravosa do ponto de vista do
ordenamento do território.
Quando se trata de ordenamento do território, há dois
aspectos que me preocupam em particular. O primeiro é a falta de competência e
o segundo é a incompetência de quem lida com a temática territorial. Nesta
situação, em particular, juntaram-se as duas, pois se numa primeira fase da obra
a questão era mais a nível da falta de competência para a elaboração do
projecto, numa segunda fase a questão é agora a nível de incompetência, pura e
dura. Quando falo em incompetência quero dizer que quem procedeu a este
biscate, não é competente para o mesmo. Resumindo, quem procedeu a este
remendo, não percebe patavina de dinâmica fluvial, daí o gravíssimo erro que as
3 fotos que apresento pretendem mostrar.
O que me incomoda mais nesta situação, é que esta é apenas o
culminar de uma série de erros, não sendo nem a primeira, nem a segunda, nem a
terceira vez que se insiste em seguir um caminho errado e que resultará apenas
em degradação do que resta daquele
troço do rio Nabão e em prejuízos financeiros, pagos pelos do costume,
os contribuintes.
Indo então à questão, trata-se de mais uma intervenção
desastrosa no troço intermédio do sector já mal intervencionado do rio Nabão.
Desta vez, e já depois de duas reconstruções de um muro, alguém teve a genial ideia de brincar aos rios
naquele troço muito peculiar. A uma obra mal planeada, seguiram-se problemas
decorrentes da não consideração de aspectos básicos de dinâmica fluvial. Agora
a sequela até a mim me surpreendeu...
Imagine-se que a solução para mitigar os erros a montante do
projecto original, foi a de reforçar a base do muro que tinha caído já por duas
vezes. Este reforço ocupou mais ainda o canal já por si estreitado aquando da
obra inicial. Isso tem vindo a causar uma preocupante erosão que começa a
ameaçar a galeria ripícula. Insiste-se, portanto, num erro básico. Depois
surgiu a ideia peregrina de criar uma rampa para a água correr, tal como podem
ver na terceira foto, do lado direito. Retirou-se terra, degradou-se ainda mais
a galeria ripícula, fez-se uma razia às raízes e criou-se assim mais um
problema. A erosão tratará de fazer desaparecer mais um bocado da base que
sustenta aquela galeria ripícula. A segunda fotografia mostra onde a água irá
abrir caminho. Não estranharei que daqui a 1 ou 2 anos, num gesto desesperado
surja uma parede de betão naquele lugar...
Mas não é tudo, pois ainda havia mais um trunfo para jogar.
Ou seja, colocou-se cimento e algumas pedras, os quais alguém pensou que
poderia salvaguardar as coitadas das árvores, daquela galeria ripícula. E logo
em dois lados, não sem que se cortasse mais um bocado de uma das árvores
situadas na margem direita do rio. Se esta intervenção foi mediada por algum
especialista? Obviamente que não. Não compreendo isto, pois até havia quem tivesse
competências para tratar esta situação. Será isto aceitável? Obviamente que
não.
Daqui a alguns anos, quando aquelas árvores deixarem de
fazer parte da paisagem, não se admirem pelo facto. Não será o vento nem a água
a derrubar aquelas árvores, mas sim a falta de competência e a incompetência de
quem deveria ter competência para gerir esta questão.
Nessa altura, e tal como agora, eu estarei por aqui, pronto
a denunciar o que de mal se faz por estes lados...
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