Hoje, dia 21 de Maio, celebra-se o dia europeu Natura 2000, daí ser o momento ideal para mais uma reflexão sobre o Sítio da Rede Natura 2000 Sicó/Alvaiázere.
Mas comecemos pela realidade europeia, onde a Rede Natura 2000 é reconhecida como uma mais valia para aqueles que têm o privilégio de ter no seu território uma figura como a Rede Natura 2000. Quem conhece o tema da Rede Natura 2000, facilmente saberá disto mesmo. Quem não conhece o tema, facilmente conseguirá chegar a conteúdos vários, disponíveis na internet, pois há imensos bons conteúdos disponíveis, seja por parte de entidades públicas, seja por parte de entidades privadas, nomeadamente ligadas à protecção da natureza. Brochuras, painéis, como o ilustrado na imagem acima, e tudo aquilo que possibilita a transmissão dos valores naturais aqueles que usufruem dos mesmos, ou seja nós próprios.
A realidade europeia é imensamente diferente daquela que teima em subsistir na região de Sicó, através do seu Sítio Sicó/Alvaiázere, onde muitas pessoas ainda, imagine-se, não fazem ideia que vivem dentro da mesma. Poderia dizer aqui que a mentalidade associada à realidade local é do tempo das cavernas, mas ao afirmar isso estaria a ser injusto para com lugares que representam do mais belo que conheço. Além disso as grutas também fazem parte dos valores naturais associados ao Sítio Sicó/Alvaiázere.
Pegando na realidade de Ansião e Alvaiázere, os dois concelhos com a maior "fatia" de Rede Natura (23% e 24 % respectivamente), o cenário é constrangedor, pois a única informação que se encontra, de uma forma fácil e algo prática, é a que consta nos respectivos geoportais. No entanto apenas consta a área de Rede Natura 2000. Não constam os habitats, as espécies e toda a informação que seria expectável constar nos respectivos geoportais ou outras plataformas. Veja-se o exemplo do site do Descobrir Ansião, será que conseguem descobrir ali informação sobre a Rede Natura 2000? É esta informação que falta chegar às populações!
É notória a falta de competência e know how dos respectivos municípios, bem como dos demais municípios, com menor área de RN 2000, para trabalhar esta informação. Mais facilmente se ouve falar das críticas dos mesmos à RN 2000, ou porque estorva a uma obra qualquer, ou porque simplesmente é um estorvo às políticas do betão, bem enraizadas também nesta região. Os estereótipos subsistem...
Nada que não se esperasse, pois, na minha opinião a relação de um autarca com a RN 2000 é directamente proporcional à sua competência para gerir o território que, em termos políticos, é responsável.
As palavras amigas da RN 2000 aparecem quase que apenas em altura de autárquicas, diga-se meramente por conveniência eleitoral, na ânsia de pescar mais uns votos.
Em vez de potenciarem o valor da RN 2000, os municípios são passivos para com valores que noutros países representam uma boa fonte de receitas para os territórios que abraçaram os valores naturais da RN 2000. Será isto aceitável? Claro que não, no entanto quantos são os que, como eu, confrontam os autarcas com esta realidade inaceitável? Raros são os que o fazem e a maior parte das vezes são convenientemente rotulados como do contra, pois o rótulo é a única forma de fugir aos argumentos.
Todos têm a culpa, claro que a diferentes níveis, no entanto todos podemos reverter este triste cenário, de um território tão multifacetado em termos patrimoniais, mas que não passa da cepa torta.
Este território tem imensos valores, a Rede Natura 2000 é apenas um de muitos. Há que potenciar o muito que temos, daí mais este meu comentário.
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