23.2.12

Centro de Interpretação da Nascente dos Olhos de Água: a confirmação de um "elefante branco"


Quem o viu e quem o vê, é esta a melhor expressão que encontro para voltar a falar de uma questão me muito me diz. Apesar de não ter sido contra o projecto, fui contra a forma como ele foi feito. Manifestei isso mesmo desde o início e só tenho pena de quem lançou o projecto não responda agora pelo seu insucesso.
Foi um projecto que alguns denominaram como "espelho de Ansião", mas quem disse isso mesmo deve estar amargamente arrependido...
Lançou-se um projecto mal pensado e mal elaborado, tendo-se baptizado o mesmo como "Centro de Interpretação da Nascente dos Olhos de Água". A "criança" foi mal baptizada, pois na realidade de Centro de Interpretação da Nascente dos Olhos de Água, este nada teve.
A minha intenção com este comentário não é falar do que já falei, é sim juntar factos recentes à questão. As actuais obras que podem ver na envolvência do edifício, ou aquelas que não se conseguem ver dentro do edifício, confirmam aquilo que sempre disse. Este projecto foi, além de um sorvedouro de fundos comunitários, e públicos, um erro crasso que hipotecou Ansião. Foi uma obra "só para inglês ver" e quiçá, "meter inveja" a concelhos vizinhos.
Se as coisas tivessem sido feitas com cabeça, tronco e membros, o cenário não seria o que passados quase 4 anos se vê, ou seja novas obras. A cerimónia de inauguração foi com pompa e circunstância:
Mas passados poucos meses o espaço já era pouco mais que um espaço sem vida e propício a vandalismo (que tristemente já dei conta...). Infelizmente as memórias são curtas e a responsabilização de quem promoveu este projecto é nula. Sinceramente gostava de ouvir o anterior autarca, precisamente aquele que é responsável pelo insucesso de tal projecto que nos ficou bem caro. Quando é para ouvir palmas os políticos estão sempre presentes, mas quando é para ouvir críticas, mesmo que honestas e construtivas, eles ou não aparecem ou então dizem que as críticas são mal intencionadas, típico de quem não tem argumentos contra factos concretos.
Curiosamente, ou não, nunca foi devidamente valorizado e potenciado o principal valor daquele lugar, ou seja a nascente dos Olhos de Água e o importante aquífero ali existente. Ao invés preferiu-se retirar água, através da captação, só para encher a pequena represa, de modo a criar um pequeno lago de água parada na maior parte do tempo. Sensivelmente nos últimos 15 anos, a ribeira só corre 2 ou 3 meses por ano, lembro-me de há 20 anos ela correr de Outubro a Abril, facto que nunca foi tido em conta no projecto (se a base é a água e ela é escassa...).
Outro aspecto que lamento, é o da falta de capacidade de dar alma e vida aquele espaço, É certo de teve um pequeno café, um pequeno posto de turismo, que teve meia dúzia de actividades, mas foi muito, mesmo muito pouco para 4 anos. Das actividades que mais interessavam, nomeadamente no âmbito educativo, pouco ou nada se viu. Quando a obra foi inaugurada, eu disse claramente que mesmo discordando de como esta foi feita, poder-se-ia aproveitar devidamente o espaço, no entanto assim não aconteceu. Não se apostou num leque diversificado de actividades várias, que abrangessem desde as escolas, comunidade local, turistas e inclusivamente universidades ou institutos politécnicos existentes a escassas dezenas de km.
Não se apostou igualmente nos jovens do concelho, alguns dos quais de forma gratuita poderiam ter dado vida e alma aquele espaço, através de actividades várias, devidamente enquadradas e tuteladas pela autarquia local.
Enfim, são factos que gostava que fossem abertamente discutidos, especialmente pelos ansianenses. Sinceramente não espero que estes o façam, já que quando a maioria de nós fala sobre o assunto, fala baixo e apenas ao pé dos amigos. Mesmo assim fica o apelo ao debate, pois isto interessa a todos, ansianenses ou não. Quando nos queixamos do facto das coisas correrem mal, temos de ir mais adiante, já que as lamentações não levam a lado nenhum, ao contrário do debate honesto, construtivo e longe de politiquices encapotadas. Não há que ter receio de abordar estas questões, pois sendo as pessoas de bem todos nos conseguimos entender.

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