Esquecidos, abandonados ou desprezados, é assim que estão muitos dos olivais da região de Sicó. Os motivos são vários e davam matéria para muita discussão, no entanto não venho, por agora, falar destes mesmos motivos, venho sim tentar motivar uma discussão construtiva sobre algo que tem um imenso potencial para toda a região de Sicó.
Por esta altura podem alguns questionar este potencial, algo de natural, no entanto relembro a todos vós que o distrito de Leiria foi há poucas décadas atrás o maior produtor de azeite de Portugal. Surpreendidos?! A região de Sicó teve nisso um grande contributo, já que era ali que se situavam dezenas de milhar de oliveiras. Existiam dezenas e dezenas de lagares, dos quais saia muito, mas mesmo muito azeite. Estes mesmos lagares estão na sua maior parte em ruínas, existindo apenas alguns. Eu próprio vivi muitos anos à beira de um lagar, o qual até ao início da década de 90 libertava na ribeira aquelas águas castanhas...
Só para vos dar um exemplo da grandeza associada aos lagares, lembro-me de me terem dito que por exemplo em Alvaiázere, já terem existido cerca de 60 lagares (fonte segura). Lembro-me também de, há poucas semanas atrás, numa exposição na Biblioteca Nacional, dedicada à memória do Professor Orlando Ribeiro, ter visto um dos seus mapas, onde visualmente estava bem expresso o peso que a azeitona teve, em tempos, na região de Sicó.
Falando agora de outra perspectiva, lembro-me bem, aquando da minha estadia de vários meses no Brasil, da quantidade de marcas de azeite português que eu vi nos supermercados, havendo muitas marcas que aqui em Portugal nem sequer existem.
Isto leva-me a muitas interrogações, uma delas é porque é que não sabemos aproveitar e potenciar este valiosíssimo recurso? É certo que não podemos competir com as explorações extensivas do Alentejo, mas podemos competir em qualidade, aproveitando igualmente esta questão em termos turísticos. O nosso problema é menosprezar o que temos e o que é essencial, para valorizar o que não temos e é supérfluo, daí, e falando especificamente nesta questão, a crise estar a dar uma ajuda no reeducar as mentalidades, mostrando que são coisas como esta que são efectivamente importantes.
Uma outra potencialidade seria o "reanimar" da paisagem da região de Sicó, pois os olivais são ainda uma componente paisagística importantíssima desta paisagem cultural que é Sicó. Nas últimas semanas tenho visto muita gente na apanha da azeitona, sendo que algumas destas pessoas voltaram a fazer algo tão importante como é o recuperar de algo tão importante como é voltar a aproveitar um recurso tão valioso como é a azeitona!
Só para terminar, venho agora salientar um outro facto, relacionado com os produtores de azeite da região de Sicó. É certo que há qualidade, no entanto há ainda muita falta de preparação de alguns destes produtores. Digo isto por um motivo muitos simples, o de que outro dia comprei azeite de um destes produtores, e vi algo que se fosse a ASAE a ver...
No próximo mês irei descrever, no concreto, o que aconteceu, de modo a que o que me aconteceu não aconteça com algum turista que venha à região de Sicó e depois fique muito mal impressionado. Se há produtores de azeite que não têm qualidade, só há dois caminhos para estes, a evolução ou o seu afastamento dos círculos de distribuição deste belo produto que é o azeite. Se queremos afirmar o azeite da região de Sicó há que trabalhar nesse sentido, pois não chega produzir o azeite e colocar um rótulo com o nome de Sicó.
Como vêm, o azeite dá muito que falar, resta-nos fazer com que seja no bom sentido!
O meu comentário é positivo, denstrando o interesse da apanha da azeitona, as mais valias dessa mesma azeitona e o divulgar a marca na região de Sicó.
ResponderEliminarEu acho que este ano por estarmos em crise houve mais pessoas aa apanhar azeitono, eu apercebi-me. Parabens ao João por apresentar mais um trabalho de interesse regional.
Olá João! Parabéns, mais uma vez, pelo seu blog! Continua sempre com temas interessantes e actuais, além de pedagógicos...
ResponderEliminarAcabei de ver uma reportagem na televisão, feita num lagar de Santarém. Este lagar trabalhava ainda à moda antiga embora com métodos actuais no que dizia respeito ao transporte e armazenamento da azeitona, antes de ser moída. Lá foi dito que 70% da nossa produção de azeite era exportada, principalmente para o Brasil. E será essa a razão pela qual temos de importar azeite (de Espanha e norte de África) para o nosso consumo interno e também pelo abandono de olivais como os da região de Sicó, digo eu...
Ola amigos!
ResponderEliminarVivo no Brasil e sempre que venho a Portugal, procuro azeite de Sico da marca " Olivais de Sico", porem não tenho encontrado. Alguém pode informar-me onde posso encontra-lo.
Qualquer informação pode ser enviada para meu e-mail: claudiolenghten@gmail.com
Agradeço antecipadamente.