Um ano depois volto a falar especificamente sobre a bela da oliveira, esta árvore notável que felizmente ainda se vai vendo pela região de Sicó. Abordo esta questão para mostrar um ponto de vista que interessa salientar.
As oliveiras representam uma riqueza subvalorizada na região de Sicó, outrora já foi um recurso que trouxe muitas mais valias à região, lembro-me de a Al-Baiaz me informar que apenas num dos concelhos da região de Sicó já terem existido, em tempos, cerca de 60 lagares. Já vivi bem perto de um lagar e brinquei bastante dentro de um abandonado, lembro-me ainda de quando ele funcionava e largava aquelas águas pouco amigas do ambiente, ou, pela positiva, daquele cheirinho quando a azeitona era prensada. Lembro-me também de, em miúdo, ter de ir à azeitona, levando a bucha (como se dizia antigamente) e ficar com os dedos gelados de apanhar tanta azeitona do chão. Bons hábitos que se perdem, algo que lamento profundamente, pois quem perde somos nós!
Os tempos mudaram e muitos lagares fecharam, as pessoas desinteressaram-se pelo campo e chegou-se ao cúmulo de vender este património ao desbarato (embora os intermediários tenham feito fortunas com a ignorância de quem vendeu muito deste património), como aliás a foto mostra, oliveiras à espera de serem vendidas para algum jardim abastado por essa Europa fora.
Apesar de considerar que em alguns aspectos não haja muito a fazer, há sim muito a fazer noutros, de forma a rentabilizar e potenciar este recurso fabuloso. Outro dia, aqui num pequeno supermercado no Brasil, vi umas pequenas embalagens, em metal, de azeite made in Portugal e fiquei contente por isso mesmo.
Não compreendo como é que sendo um recurso bastante interessante de potenciar, seja derivado da exploração dos olivais, seja pela promoção turística que se pode retirar dos mesmos, este continue em declínio na região de Sicó. Por um lado as entidades oficiais espalham a sete ventos que temos uma região diferente das outras, por outro nada fazem para manter estas características que nos tornam uma região única. Promove-se sim a homogeneidade e há demasiados aspectos que comprovam isso mesmo.
Sei que é difícil contrariar o estado actual das coisas na região, especialmente tendo em conta a fraca qualidade e competência duvidosa da grande maioria dos autarcas, no entanto estarei aqui sempre para tentar de alguma forma reverter um processo que, quando a mim, a seu tempo, irá mostrar que o caminho que estamos a tomar é completamente errado.
Há que preservar, proteger e potenciar de forma sustentada todo este património da região de Sicó. A crise que nos assola já mostrou a muitos que o património é sustento, vejam a bela da horta onde podem plantar muitos produtos hortículas! Havia muitas pessoas que diziam que mais valia comprar tudo, mas que agora já voltaram à bela da terra...
Dou, para já, uma sugestão, a qual já vi felizmente em prática na região de Sicó, penso que em 2010. Quem tiver um olival e não tiver pessoas para ajudarem, quando for a apanha da azeitona, coloquem um anúncio da internet que vão ver que isso pode trazer muitas pessoas, por exemplo das cidades, que até pagam para poderem ter uma experiência diferente, num convívio a salutar. Deixem de lado as autarquias que não se mostrem disponíveis para ajudar e metam mãos à obra, pois vão ver que vale mesmo a pena e a região agradece!
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