Pois é, venho então falar de algo que prometi há semanas atrás, a questão do Castelo de Pombal, mais precisamente sobre as obras na sua envolvência, pois do Castelo em si mesmo haverá mais para referenciar daqui a algumas semanas.
Antes de começar, queria agradecer a uma leitora do azinheiragate, a qual me facultou algumas fotografias. Por motivos óbvios não vou identificar a leitora, pois pretendo evitar que haja quaisquer tipo de represálias sobre todo e qualquer um dos leitores do azinheiragate, infelizmente a cidadania activa não é bem vista por alguns autarcas da região de Sicó, por isso mesmo sou eu a dar a cara.
Um dos objectivos deste blog é interagir com os cidadãos que se interessam pela temática do património, seja ele natural, construído ou outro, este é um bom exemplo disso mesmo.
Inicio então com aquele belo caixote de betão que vêm na foto inicial, no comentário que fiz há algumas semanas sobre as obras de regeneração em Pombal, salientei que o betão tem sido uma prioridade deste executivo, este é um exemplo, pela negativa, disso mesmo. Penso que será uma questão de tempo até aquele caixote de betão servir como urinol, dada a protecção do mesmo face à chuva e não só.
Será que este caixote de betão se enquadra de alguma forma com o Castelo de Pombal? Claramente não, por isso não compreendo a razão de tamanho erro. A obra era necessária, mas a forma como foi pensada é que deixa muito a desejar.
Sigo então com algo que já referi aquando a nota sobre a Ponte D. Maria, a inclusão de materiais estranhos à região. Além de não compreender, lamento profundamente que se insista em utilizar o granito desta forma na região de Sicó, o carso merecia mais. Quando deveríamos estar a seguir uma linha que sublinhasse e enfatizasse (passe o pleonasmo) as particularidades da região de Sicó, criando as aldeias do carso (marca turística) e apostando na utilização e racionalização de materiais como o calcário, contrata-se técnicos que têm a ideia absurda e irracional ir buscar granito. Sabendo que há profissionais e profissionais, este é um caso em que quem fez o projecto esqueceu-se de algo tão básico como apostar nos materiais da região, os quais se integram na perfeição em qualquer tipo de projecto. Quem elaborou o projecto, quanto a mim, não mostrou a competência necessária para um projecto deste tipo, pois a escolha dos materiais e respectivo enquadramento é um factor essencial. Ao invés, fez-se um projecto que desvirtua a envolvência do Castelo de Pombal e desprestigia a região, é a minha humilde opinião.
Pessoalmente considero de muito mau gosto os bancos de granito que vêm na segunda foto.
Passando agora aquela escadaria que vêm na terceira foto, mais uma vez há aqui qualquer coisa que foi desvirtuada, betão para cima, mais materiais estranhos e uns candeeiros dignos de qualquer local, que não a envolvência do Castelo de Pombal. É incrível como é que em tantos projectos na região de Sicó se consegue ver tamanho erro, será que estes candeeiros se enquadram naquela área em especial?!
A equipe que elaborou este projecto claramente está desenquadrada em termos de enquadramento do projecto, pois não teve em conta aspectos essenciais, tais como o ajuste do mesmo às particularidades, nomeadamente de este se situar na envolvência de um Castelo. Elaborar projectos entre quatro paredes tem destas coisas, claramente faltou o trabalho de campo e o "simples" falar com as pessoas, nomeadamente com os pombalenses (não com aquelas pessoas que muitas vezes são convenientemente indicadas pelos autarcas...). Faltou também o estudar-se a história de Pombal e do Castelo, além disso nem sequer compreendo como é que o IGESPAR deixa uma coisa destas acontecer. Esta última entidade deveria, quanto a mim, ter impedido esta obra, tal como ficou, fazendo pressão para que não se concretizasse.
O projecto deveria ter sim sido pensado tendo como base a engenharia verde, a qual evitaria o betão, o granito e possibilitaria a inclusão de materiais que não iriam chocar com as especificidades da área.
Dos muitos castelos que já visitei, dentro e fora do país, nunca vi algo de tamanho mau gosto, algo que lamento profundamente. Podia ter-se utilizado calcário, madeira e similares, que assim ter-se-ia algo bonito, enquadrado e funcional, mas tem-se apenas o feio, desenquadrado e nada funcional.
Além disto tudo, basta subir a escadaria para notar que à parte das obras em si, tudo foi esquecido, ao lado das escadas é um ervado imenso, vê-se bancos esquecidos e partidos, etc, etc. Projectos chave na mão têm destas coisas.
Não teria sido correcto um diálogo com cidadãos e historiadores, de forma a se pensar um projecto racional? Claramente sim, mas infelizmente isso não aconteceu, perdendo o património e a região de Sicó.
Aquela escadaria aberrante teria sim ficado bonita e enquadrada se, por exemplo tivesse sido construída com base num material perfeito, a madeira. Teria sido possível fazer algo bastante prático e duradouro se se tivesse equacionado esta possibilidade, pois hoje em dia é possível fazer isto mesmo, daí eu ter dado o exemplo o exemplo da engenharia natural, no entanto optou-se pelo mais fácil, o que resultou num projecto que, quanto a mim foi um erro monumental, a juntar a muitos outros ocorridos em Pombal.
Para quem quiser saber mais sobre engenharia natural, fica um link importante:
http://www.apena.pt/
Aquela escadaria aberrante teria sim ficado bonita e enquadrada se, por exemplo tivesse sido construída com base num material perfeito, a madeira. Teria sido possível fazer algo bastante prático e duradouro se se tivesse equacionado esta possibilidade, pois hoje em dia é possível fazer isto mesmo, daí eu ter dado o exemplo o exemplo da engenharia natural, no entanto optou-se pelo mais fácil, o que resultou num projecto que, quanto a mim foi um erro monumental, a juntar a muitos outros ocorridos em Pombal.
Para quem quiser saber mais sobre engenharia natural, fica um link importante:
http://www.apena.pt/
Encontrei o Blog por acaso. Fiquei contente por ter encontrado alguém que pensa exactamente como eu. Não reconheço Pombal, a nossa antiga Vila, que saudades. A destruição da nossa cidade continua. Será que não há forma de parar? Os "iluminados" destes projectos, não percebem que os materiais utilizados não se enquadram na nossa história, no nosso Património.
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