Estamos precisamente na semana da reflorestação nacional e a 3 dias do dia "Plantar Portugal", (http://www.plantarportugal.org/pt/) sendo, para mim, uma semana de profunda reflexão neste domínio.
Infelizmente não posso participar em nenhuma actividade relacionada com esta louvável iniciativa, mas estou de consciência plenamente tranquila, não só porque todos os anos luto para que muitas árvores não ardam no triste festival anual de pirómanos e piromanias, bem como já participei por iniciativa própria em actividades de plantação de árvores nobres, caso de carvalhos (que tristemente alguns pacóvios de caçadores fizeram questão de vandalizar....).
Aproveito agora para falar de um assunto que já deveria ter falado há meses, mas fui adiando e adiando. Eis que chega a altura ideal para falar do projecto "Impacto Zero" (o site já desapareceu...), que esteve no terreno no concelho de Ansião e em primeira análise foi promovido pela General Motors.
Esta iniciativa incidiu sobre as freguesias de Chão de Couce e Pousaflores, e pretendeu plantar cerca de 130 000 árvores, entre azinheiras, carvalhos e pinheiros.
Apesar de ser uma iniciativa a louvar, embora tenha o óbvio cheirinho de greenwash da General Motors, e de haver mérito da Câmara Municipal de Ansião e da Associação Florestal de Ansião, não posso deixar de criticar a forma como este processo decorreu.
Em primeiro lugar viu-se claramente que havia que encontrar uma área para plantar 130 000 árvores, portanto estas tinham de ser plantadas de qualquer forma, custasse o que custasse. Assim sendo plantou-se tudo nas serras do Casal Soeiro e de Pousaflores, tendo-se aberto um estradão florestal que destruiu muita coisa e serve apenas para o pessoal dos jipes andar na bolina.
O problema que eu quero salientar é que esta iniciativa foi desajustada tendo em conta o número de árvores plantadas. Estas árvores foram plantadas com uma densidade inacreditável, só para que coubessem todas, foram plantadas mesmo em solos que não eram os mais indicados, pois havia que meter tudo naquele espaço....
Porque é que não se fez um projecto conjunto com outro município? Será que num dos muitos municípios que viram as suas áreas florestais bastante afectadas pelos incêndios florestais de 2003 e 2005 não mereciam muitas destas árvores, as quais foram plantadas só "para encher chouriços"? É a crítica essencial que faço à forma como esta iniciativa foi guiada, não esquecendo que considero que aquela estrada que vêm na foto, a sua abertura foi um erro crasso que prejudica toda aquela área, especialmente a fórnia da Ucha.
Considero que teria sido positivo plantar talvez umas 20000 azinheiras e alguns carvalhos e incidir o resto num projecto semelhante, mas noutro concelho. Infelizmente tenho a certeza que muitas das possíveis áreas para uma iniciativa semelhante, e que arderam em 2003 e/ou 2005 estão agora cheias de.... eucaliptos. É um dos problemas deste país, o problema da macrocefalia das celuloses e do eucalipto....
Para terminar, uma sugestão, plantem árvores, mas não invasoras!!
E os meus sinceros parabéns aos promotores do Plantar Portugal!
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