9.12.09

Vídeos chocantes que comprometem seriamente....

Fui esta semana à Serra de Alvaiázere, já que fui avisado que o parque eólico já estaria a ser feito, mas sinceramente nunca pensei a verdade ser tão chocante....
Já todos sabem que eu descobri muita ilegalidade no processo deste parque eólico, e que nada foi feito para investigar isso mesmo, mas ainda ninguém sabe de algo que descobri na segunda e na terça de manhã, quando fui ao local, é algo de chocante e que confirma suspeitas minhas sobre o estudo geológico....
Vou tentar explicar isto de uma forma simples, pois é um tema complexo para quem não tem muitos conhecimentos nesta área, mas no final vão compreender a gravidade dos factos.
Na fase de acompanhamento público (2008), critiquei fortemente os resultados do "estudo" que o geólogo responsável elaborou, especialista este que de calcários percebe tanto como eu de engenharia de pontes. Este estudo era claramente mal elaborado e, por isso eu elaborei um parecer (Julho de 2008) onde constava:
«No ponto 3.4.2 (p. 17) – Geologia, geomorfologia e solos
É referido que se avaliará e acautelará a distância de segurança entre a área afecta a trabalhos de construção e as eventuais cavidades cársicas identificadas na prospecção geológica, assegurando a estabilidade da área de trabalho e das cavidades. Não é concretizado como se fará isto, não compreendo tanto cuidado com as cavidades quando afinal algumas foram destruídas aquando da construção da estrada em Outubro de 2007, algo de que tenho fotos!
Não é referido o deslizamento que poderá ocorrer na vertente Este da Serra de Alvaiázere e que está a colocar em risco algumas habitações, especialmente quando é colocada a questão da utilização de explosivos, como mitigar esta questão gravosa?!
Na página 22 do RECAPE é referenciado que deverá ser «elaborada uma planta de condicionamento à escala de pelo menos 1: 5 000 com todos os elementos do projecto e as áreas a proteger e salvaguardar, tais como áreas sensíveis do ponto de vista ecológico, ocorrências patrimoniais…. Zonas de importância geológica» Como se não estão referenciadas muitos destes elementos?!
No parecer do Professor António Gonçalves Henriques (Director da APA), com a referência 146/08, relativamente ao processo de AIA nº 1161 “Parque eólico de Alvaiázere”, é referido também, no que concerne às cavidades cársicas que:
«As cavidades detectadas devem ser melhor interpretadas, uma vez que a DIA prevê a necessidade de compatibilizar o projecto com as cavidades cársicas…»
Este parecer aconselha também a utilização de geo-radar como complemento da prospecção de cavidades cársicas.
Infelizmente a falta de competência técnica e científica do técnico geólogo no domínio do carso, levou a que este referisse que o método de geo-radar «poderia fornecer resultados requerendo uma interpretação delicada muitas vezes controversa….»
Diria eu, como especialista no carso, que este geólogo é tecnicamente inqualificado para este estudo, já que não conhece este método aplicado ao carso, onde em países como nos EUA, onde é praticado por quem sabe, tem mostrado bons resultados como técnica complementar. Eu pessoalmente aconselharia este geólogo a ter formação nesta técnica, o Karst Research Institute (Eslovénia) é uma das entidades que lhe pode dar informações precisas sobre esta técnica de modo a desmistificar estereótipos sobre novas tecnologias aplicadas ao estudo do carso.
Este geólogo refere adiante que:
«Por ultimo, informa-se que a campanha de prospecção interessa apenas a zona onde se prevêem localizar as torres dos aerogeradores que está situada no flanco de encosta e a cotas inferiores àquelas em que ocorre o campo de lapiás, não interferindo com as referidas formas superficiais que são por definição estratos aflorantes»
Mais uma vez conceitos imprecisos, pois os lapiás têm a sua expressão visual a nível superficial, mas a bancada calcária do qual tem origem nesta área tem cerca de 40 metros de espessura, além do facto de o sector Oeste da Serra ter pendor em monoclinal precisamente para Oeste, sendo que a camada que tem expressão visual na escarpa de falha a Este, facilmente pode ter expressão visual a Oeste. É bastante provável que ali haja grutas de grande profundidade, por isso a questão das cotas é algo de muito relativo.
No seguimento deste raciocínio, não vejo nota alguma sobre as consequências na rede hidrográfica e infiltrações no maciço calcário, o facto de não haver linhas de água superficiais é enganador ao mais desconhecedor
...»
Reparem que eu disse isto em 2008! Agora, antes de prosseguir, vejam o que é afinal um geo-radar:
Depois de entenderem isto tudo, vejam agora o que se está a passar na Serra de Alvaiázere:
Vendo estes vídeos e fazendo a ligação com tudo o que disse atrás, digam-me como é que isto é possível?! Se o geo-radar tivesse sido realmente utilizado estas grutas tinham sido facilmente detectadas. Supostamente o geo-radar foi utilizado, mas uma coisa é certa, os resultados não batem certos, o que indicia que efectivamente os resultados apresentados não correspondem à verdade, ou seja o estudo não foi feito naquela área e os resultados não são verdadeiros. Como é que não se detecta uma série de grutas existentes nuna linha de fractura que se prolonga pela Serra de Sul para Norte?
Ando sinceramente a pensar divulgar os meus pareceres técnicos que fiz na fase de acompanhamento público e pós avaliação, estes mostram suspeitas que algumas pessoas temem fortemente.... Nesta fase basta juntar as peças do puzzle para ver que este parque eólico tem uma história secreta que andam a tentar esconder, pois os lobbys são muito poderosos e conseguem fazer tudo para chegar onde querem, o lucro fácil. É um património de valor nacional e internacional que anda a ser destruído para que alguns possam ganhar muito dinheiro, quem perde é país e o povo! CHEGA!!!
Estou disponível para os facultar esta documentação aos orgãos de comunicação social, jornais, rádios e televisão!

1 comentário:

  1. Quercus denuncia publicamente o caso: http://www.quercus.pt/scid/webquercus/defaultArticleViewOne.asp?articleID=3069&categoryID=567

    Cumprimentos
    Artur Gil

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