Fiquei a saber do facto através do Grupo Protecção Sicó, mas apenas agora tive tempo para me debruçar sobre a questão e fazer o trabalho de casa de forma a perceber, de facto, o que se passa e o que está em causa. Fui ao
site da Câmara Municipal de Pombal e comecei a ver os
ficheiros relativos às Grandes Opções do Plano 2018-2021. No ponto 2.3., na página 19, constava algo que me deixou indignado e perplexo. Há, de facto, ideia de construir uma ponte sobre o Vale dos Poios nos próximos 4 anos, já com 420 000 euros consignados nos orçamentos municipais de 2018, 2019 e 2020.
Mas antes de ir ao cerne da questão, porque constam, no GOP uns reles 3000 euros para a rede de aldeias do calcário (deveriam ser do carso, mas nem vou por aí)? Brevemente irei voltar a dissertar sobre as aldeias do carso...
Mas vamos então à questão da ideia da ponte suspensa para o Vale dos Poios, de quem terá sido esta ideia, peregrina, que eu considero absurda e parola? Sim, absurda porque não faz sentido algum. Parola porque irá degradar aquela área e não valorizar a mesma. Ideias de génese circense costumam ser assim parolas por natureza. O Vale dos Poios não é um circo meus caros!
Já não chegava o desastre que tem sido a gestão do
dossier do CIMU, e agora aparece esta ideia peregrina. Santa paciência... Sobre o CIMU, parece que agora foi baptizado de
Explora Sicó, mas brevemente irei voltar a falar do tema, agora que as obras estão a recomeçar.
Nos últimos anos viajei bastante para um destino onde a pedra calcária reina ainda mais do que em Sicó, a Eslovénia, de forma a conhecer e a aprender mais e melhor sobre formas de gestão do carso, sobre o ordenamento do território em meio cársico e muito mais. Não vi por lá parolices como a projectada ponte suspensa para o Vale dos Poios e não é por acaso...
Nunca vi o projecto da ponte suspensa, nunca vi o Estudo de Impacto Ambiental, Estudo de Incidências Ambientais ou mesmo discussão pública sobre o projecto. Alguém teve esta ideia parola, na base do acho que, e siga a festa, é a ideia que fica no ar. Ainda nem sequer vi um esboço de um plano de gestão do Vale dos Poios, de forma a acautelar a sua integridade e impedir a sua degradação por uma utilização sem regras. E a obrigatória classificação como local de interesse geológico?
Muito gostam estes executivos municipais de começar a casa pelo telhado, juntando ainda por cima características daquelas que os emigrantes juntaram às suas casas nas últimas décadas, um folclore abismal.
Já por uma vez disse e volto agora a repetir aqui, no azinheiragate, autarcas como Diogo Mateus têm de descer à terra, falar com quem sabe e visitar países como a Eslovénia, falando com quem é de lá e sabe, de forma a, de uma vez por todas, deixarem de pensar nestas ideias parolas e aprenderem as boas práticas associadas à gestão territorial em meio cársico. E se precisarem de contactos por lá digam, pois não tenho problemas em estabelecer pontes, daquelas que fazem sentido e fazem, de facto, falta!
A (i)lógica de muitos dos autarcas da região de Sicó no que concerne à dinamização territorial tem sido a de transformar este belo território num circo. Não queremos Sicó transformada num circo! Queremos sim um território devidamente valorizado, sem ideias parvas à mistura.
Já só falta meter uns bungalows nas paredes verticais do Canhão Fluviocársico para ser o circo total (não é uma ideia, só para que não fiquem confusos, é mesmo uma sátira).