29.4.12

A genial Sicó


Acontece muitas vezes eu ouvir certas pessoas a dizer que a arte está nas cidades, mas permitam-me estas pessoas discordar dessa afirmação, pois a arte está em Sicó e a artista tem um nome só, Sicó. Pode demorar breves meses ou milhões de anos a esculpir as suas obras, mas as suas ajudantes, a geodiversidade e a biodiversidade, fazem um belo trabalho. Não encontram a arte? Simples, mergulhem neste belo território e descubram!

24.4.12

O património subjugado


A escassos minutos de Condeixa, eis o lugar da Fonte Coberta, local que poucos conhecem realmente. Isto acontece por um motivo muito simples, além da óbvia preguiça de muitos daqueles que vivem na região de Sicó, mas que não a usufruem, o motivo é a mania da pressa que leva a que muitas vezes se pense em ir de X a Y sem passar por lugares com grande valor patrimonial.
De vez em quando gosto de atalhar pela Fonte Coberta, já que vale mesmo a pena. Já passei por ali dezenas de vezes, mas curiosamente nunca tinha parado para ver aquela ponte Filipina. Pode parecer estranho nunca o ter feito, mas afinal com tanto património é, por vezes, difícil, parar em cada lugar para ver as coisas com olhos de ver. Mais ainda, mal conheço, com olhos de ver, aquele cantinho onde está situado o lugar da Fonte Coberta, tenho de ver se consigo um dia para isso, seja de btt ou a pé, pois é assim que se conhece Sicó. 
Outro dia, lá surgiu o clique que me fez parar e ver a ponte com olhos de ver. As placas de identificação estão bem posicionadas e é preciso ir muito distraído para não ver esta bela e valiosa ponte.
Lembrei-me de fazer este comentário lembrando este último dia internacional dos monumentos (18 de Abril), pois afinal esta ponte Filipina é mesmo isso, um belo monumento, o qual está "arredado" da vista de muitos do que visitam a região de Sicó. Os peregrinos do Caminho de Santiago conhecem bem esta ponte, não há que enganar, mas esses são poucos quando comparados com os turistas que passam bem ali ao lado.
A região de Sicó é um hotspot de património, mas infelizmente as estratégias locais e regionais não têm sabido valorizar e potenciar devidamente a vastidão de recursos patrimoniais que temos, salvo raras excepções. Infelizmente, e na maior parte dos casos, as versões estereotipadas de desenvolvimento do território predominam e, assim, subjugam todo este valioso património, perdendo a região, quem aqui vive e quem nos visita...
Fica a sugestão de visita ao património da região de Sicó, sendo esta ponte Filipina apenas um de muitos exemplos que vale a pena conhecer!


19.4.12

Caçadores = vândalos do património ?


Nunca escondi que vejo a caça como uma escola de más virtudes, pois são demasiadas as situações que demonstram isso mesmo. Já dei conta de três situações graves, para quem não chegou a ver aqui ficam as infelizes "lembranças":

http://www.azinheiragate.blogspot.pt/2010/01/proibir-caca.html

http://azinheiragate.blogspot.pt/2009/06/porque.html


Desta vez a situação não é tão grave, mas ilustra bem o que muitos de nós costumam ver um pouco por todo o lado. Outro dia, no decorrer de um pequeno percurso pedestre (Caminhos de Santiago em Ansião), deparei-me com mais uma de muitas situações, onde parece que algum caçador frustrado descarregou a sua espingarda onde não devia. O que será que este caçador teria na cabeça? Não há desculpas para a imensa falta de respeito que muitos caçadores têm pelo património, seja natural ou construído.
O tempo de matar para comer já não é uma realidade, tal como era há décadas atrás, portanto não me venham com histórias da carochinha. Já não estamos na idade da pedra!
Há boas pessoas que são caçadores, mas são poucos. As associações de caçadores infelizmente têm ainda um peso importante em algumas comunidades, são um autêntico lóbi que faz mais mal do que bem, portanto há que lutar contra este lóbi nocivo, este autêntico lobo que veste pele de cordeiro!
Finalizo este meu comentário, com uma exigência aos caçadores, a de que não deitem os cartuchos para o chão, pois é lamentável ver milhares de cartuchos espalhados um pouco por todo o lado!

15.4.12

Charcos sem vida...


Para quem conhece o projecto "Charcos com vida", que o azinheiragate publicita desde o seu início, não se trata de um engano, o título deste comentário é mesmo um contraponto ao notável projecto dos "Charcos com vida". Venho então destacar um exemplo do que não deveria acontecer, uma situação que é conhecida por alguns e desconhecida de muitos.
As fotografias mostram um local onde há uns anos existia um belo charco, no qual havia vida. Este charco era importante, tal como muitos dos que ainda existem pela região de Sicó, alguns deles belas dolinas.
Conheço este local (Netos, Ansião) há muitos anos, tendo ainda a imagem visual de como o charco era, e foi há 2 semanas que tive a sorte de ter uma breve conversa com um local, o qual me elucidou sobre os factos e me motivou a destacar esta situação em particular.
Inicialmente pensei que tinham sido os locais a entulhar o charco, facto que me incomodava, dada a ilegalidade do sucedido. No entanto não foram propriamente os locais a entulhar o charco, mesmo que alguns tenham deitado para ali uns carros de mão, quem entulhou este charco foi, imagine-se, um presidente de junta de freguesia. Este último facto incomodou-me ainda mais, já que, segundo a minha credível fonte, foi um autarca a promover uma ilegalidade! Isto só reforça uma ideia que defendo há vários anos, a obrigatoriedade dos autarcas terem formação obrigatória no domínio do ordenamento do território, adaptando esta formação às "particularidades autárquicas".
Há coisa de 2 semanas fui aos lugar dos Netos, ver isto com mais atenção. Neste momento o charco está praticamente atulhado com terra, mas dá ainda para ver o muro que circunda o antigo charco e uma outra infraestrutura, de pedra, que entra para dentro do charco. Fiquei ainda mais incomodado com a situação.
Pensei então o que poderia fazer e tive uma ideia, a qual vou agora partilhar com todos. A ideia é simples, a de fazer com que a terra que ali foi colocada ilegalmente, pelo autarca local, seja retirada, de modo a que o charco seja recuperado. Não sei ainda como o fazer, já que não é simples, mas fica aqui a nota para quem quiser ajudar. No mínimo umas pás e um carro de mão chegam!
Uma das muitas coisas que se poderá fazer, depois de recuperado este charco, é utilizar o mesmo enquanto ferramenta pedagógica, na linha do projecto "Charcos com vida". Isto para além das normais funções que um charco tem, sendo que são muitas e importantes, embora mal compreendidas pela maioria das pessoas (um charco não é sinónimo de mosquitos...). Penso que alguns dos locais poderão ser uma boa ajuda para levar esta ideia em diante, pois vi que efectivamente a maioria das pessoas respeita aquele património.
Fica a denúncia de algo que pode parecer pouco importante, mas que afinal até é. Fica também o desafio à resolução desta situação, pois sei que muitos interessados por esta temática estão atentos ao azinheiragate e aos seus apelos.


11.4.12

A água, esse belo recurso!


Estive vários meses para conseguir saber ao certo os pormenores sobre este pequeno edifício que vêm na fotografia, mas apenas recentemente, e após ter questionado um local, soube o que isto era afinal.
Passando na estrada, e vendo apenas na perspectiva da fotografia inicial, pensei em primeiro lugar que aquilo seria um pombal, mas enganei-me redondamente, pois afinal é (foi) um antigo reservatório de água, ao que me disseram para pessoas mais abastadas. Não conheço os donos, por isso apenas lhes posso agradecer, enquanto cidadão, ainda preservarem algo que eu considero de relevante importância patrimonial na temática associada ao importante recurso que é a água.
Inserido num contexto mais abrangente, este edifício poderá sem a mínima dúvida, ser um elemento patrimonial enriquecedor no que concerne à divulgação da importância da preservação dos recursos aquíferos, bem como a história associada ao aproveitamento da água (muito genericamente falando, claro). Há muitos outros "objectos", todos eles diferenciados, mas que podem ser sabiamente ser aproveitados como uma mais valia, por parte das autarquias locais. Penso que os donos de muitos destes "objectos" patrimoniais poderão ficar a ganhar, já que com a entrada no "jogo do património", muitas destas infraestruturas poderão ser reabilitadas e preservadas. A temática da água é um assunto muito caro à região de Sicó, já que o carso é sempre um território complicado no que concerne à gestão da água. Brevemente darei conta de mais um destes objectos, os quais descobri há uns anos atrás enquanto elaborava um extenso trabalho de investigação.
E lembrem-se, poupem água, pois além de ser um bem escasso, já não será propriamente um recurso renovável, tudo devido à nossa ignorância e desprezo para com ela. Ao poluirmos um aquífero estamos a comprometer várias gerações!
Para terminar, e já agora que falei em "jogo", estes nossos políticos andam a fazer um jogo bem perigoso, que é o da concessão/privatização do recurso água, algo de profundamente lamentável. Resta-me apelar a todo/as que se batam pela não concessão/privatização da água, pois se ela fica nas mãos de grupos económicos...
Uma das personalidades que na região de Sicó se tem batido por esta causa, e que merece o meu aplauso, é Narciso Mota, que é frontalmente contra a privatização do recurso água, facto que faço questão em salientar.
Água é vida, lembrem-se disso!

7.4.12

E este moinho, (re)construído com fundos comunitários, serve para...


Hoje, dia 7 de Abril, comemora-se o dia nacional dos moinhos. Pode parecer um dia como os outros, mas só mesmo para as regiões onde não existem moinhos. Na região de Sicó existem ainda alguns moinhos, nomeadamente de vento, sendo escassos os que ainda funcionam. Brevemente será publicado um artigo que versa precisamente sobre os moinhos de vento da região de Sicó, o qual espero que seja mais um breve contributo para que uma arte tão importante não desapareça. Logo que seja publicado darei aqui conta disso mesmo.
Neste comentário pretendo fundamentalmente alertar para uma situação que mostra bem o porquê das coisas, que demonstra bem que o atraso que a região tem se deve a mentalidades mesquinhas e retrógadas. 


Ao observarem estas 3 fotografias, podem facilmente ver o estado em que se encontra um dos moinhos de vento da região de Sicó, mais precisamente o moinho situado na Mata do Carrascal, em Alvaiázere. Não é o único neste estado, no entanto há algo de único associado a este mesmo moinho. Se já é preocupante o estado do moinho, mais preocupante será compreender como é que um moinho que foi (re)construído com fundos comunitários está na situação actual. Mas não é tudo, além disto preocupa-me como é que um moinho em mau estado, pago com fundos comunitários, serve de armazém para objectos tão importantes como o são as grades de cerveja. Não esqueço também que, da última vez que ali fui, estava alguém a dormir a bela da sesta dentro do moinho, com música e tudo (vinda de um pequeno rádio).
Será isto aceitável? Quem será o responsável? E a fiscalização sobre a aplicação dos fundos comunitários, onde anda? Este moinho não devia estar ao serviço do turismo, em vez de estar ao serviço dos amigos da tasca? Que tem a Terras de Sicó a dizer sobre isto? E a Autarquia local? E a Junta de Freguesia local? 
Fica a chamada de atenção sobre um assunto que afinal diz respeito a todos, pois nem Alvaiázere nem Sicó são coutadas de quem quer que seja...