30.6.10

Uma noite diferente em Pombal: European Bat Night

                                                   Inhttp://gps-sico.blogspot.com/

Um excelente evento para, entre outros, desmistificar estereótipos que infelizmente ainda teimam em existir sobre um belo animal, o morcego. A "má imagem" que os morcegos têm na sociedade tem a ver fundamentalmente com o desconhecimento, pois como alguém disse (e muito bem), só se ama aquilo que se conhece....
Fica a sugestão para uma noite diferente e agradável, na companhia de pessoas conhecedoras do que fazem, eu farei os possíveis para ir a este importante evento!

27.6.10

Ler para entender o património


Mais uma vez volto a destacar livros de referência sobre o património. O património é algo de muito vasto e, por isso, a oferta é muita. Há obras que têm sempre maior destaque, já que o seu valor será maior, se bem que por vezes há obras excelentes que passam completamente despercebidas.
Desta vez destaco uma obra, que mesmo sendo reeditada com algumas melhorias, é uma referência e um excelente livro para ser lido por todos vós. É uma obra transversal em termos de património e mostra de uma forma brilhante as riquezas que temos neste belo Portugal, riquezas estas que estão a desaparecer a uma velocidade alucinante. Além de andarmos a desprezar e menosprezar algo de imensamente valioso, andamos a tolerar que muitos autarcas estejam a descaracterizar muitas regiões, como é o caso da região de Sicó. Infelizmente muitos só se começam a aperceber do valor de muitas regiões quando as suas riquezas se perdem na memória.
Progresso é aproveitar economicamente todas as riquezas de uma determinada região tendo em conta as suas particularidades e de uma forma sustentada, sem desvirtuar as coisas apenas para massificar muitas destas mais-valias, algo que infelizmente acontece por falta de acompanhamento.
Não me vou alongar mais, já que o livro conta o resto....
Boas leituras e aproveitem para saborear o nosso património numa altura que alguns vão de férias!

22.6.10

Penela: SmartRural Living Lab (SRLL) com problemas?

Já tinha equacionado abordar esta questão há algum tempo, no entanto decidi esperar algum tempo para comentar a temática associada a este projecto. Quando surgem questões "novas" há que ponderar bem sobre as mesmas de forma a termos uma opinião devidamente fundamentada.
Antes de começar a dissertar sobre este tema nada melhor do que vos deixar com um dos links onde podem encontrar informação concreta sobre o projecto Living Labs, um projecto deveras interessante:
Após terem lido os objectivos deste projecto posso então começar a abordar a questão através do meu ponto de vista, pessoal e profissional (além de imparcial!).
Escolhi esta como a melhor altura para falar sobre o projecto SRLL depois de ter ouvido palavras confusas de um dos parceiros deste projecto em Penela, palavras proferidas no 1º Congresso Internacional "Empreendorismo e Valorização Sustentável do Território" (EVST), ocorrido nos dias 17 e 18 de Junho na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Foi sem dúvida um evento de excelência em que valeu a pena estar presente.
Já no último dia do evento, um dos parceiros do projecto SRLL - Penela, presentes na plateia, questionou um dos oradores (Francesco Molinari) sobre o projecto Living Labs, tendo em conta a notável experiência deste investigador neste domínio. Este parceiro referiu que estava com grandes dificuldades em encontrar soluções práticas para implementar em Penela.
Confesso que fiquei surpreendido porque pensei que o projecto estivesse a correr melhor, mas as palavras proferidas mostram claramente que há muitas dificuldades para ultrapassar no decorrer deste interessante projecto. Espero que estas questões sejam rapidamente ultrapassadas.
À parte deste "soluço" no SRLL, gostaria de fazer alguns comentários sobre o projecto tendo em conta certas particularidades:
- Preocupa-me que não haja uma diferenciação entre o carso de Penela e os xistos de Penela, pois são territórios com dinâmicas naturais, sociais e culturais bastante diferenciados. É um erro crasso tomar este território como homogéneo, não tomando em conta este pequeno grande pormenor. Faço apenas referência ao carso de Penela porque o Azinheiragate é dedicado ao carso de Sicó e não a áreas fora do carso.
- Noto que há pelo menos dois projectos associados ao SRLL que já existiam antes, sendo meramente incluídos no pacote de ideias.
- Noto também que nos parceiros incluídos não há alguns dos que mais interessam, a gente simples e humilde que apesar de ter poucas qualificações tem o know-how e costuma ter ideias que quando aproveitadas por equipas multidisciplinares são sucesso garantido.
- Faltou um "mergulho no território", de forma conhecer individualidades chave num processo deste género.
- Falta algo de importante, o empreendorismo de base social, em vez de apenas o "comum" empreendorismo de base tecnológica. O empreendorismo social foi largamente destacado no EVST, em Ponte de Lima. Considero que é negativo a inclusão de demasiados actores vestidos de fato e gravata, algo que é por demais evidente na listagem dos parceiros envolvidos no SRLL.
- Infelizmente o facto de este não ser um projecto "subsidiado" parece que levanta demasiados problemas. Não podemos esperar que tudo seja subsidiado, pois os fundos comunitários vão acabar, há que criar parcerias público-privadas estratégicas com vista à prossecução de muitas ideias a incluir neste projecto. O microcrédito tem também sido subjugado numa região onde terá concerteza muitas potencialidades.
Penso que de uma forma resumida consegui referir alguns dos pontos mais importantes, numa próxima oportunidade irei concerteza fazer mais comentários, já que pretendo acompanhar de perto este projecto com potencial, caso seja bem guiado, obviamente.
Para terminar queria destacar dois factos estruturantes, sendo que o primeiro foi precisamente referido pelo investigador Francesco Molinari. Este último referiu que é muito positivo pedirmos "braços emprestados" em vez de "cérebros emprestados", afirmação que considero brilhante. Temos os cérebros (se bem que muitos deles fugidos e/ou dormentes), temos muita matéria-prima, faltam apenas alguns braços para ajudar na árdua tarefa que é o desenvolvimento territorial.
O segundo facto, esse já é mais direccionado a todos os autarcas da região de Sicó. Porque é que em vez de apenas irem "buscar" projectos lá fora não criam projectos regionais? Criando projectos de génese regional potencia-se o know-how local e regional, conferindo-lhes mais sustentação em termos de projecto, já que parte-se das particularidades regionais e não de particularidades externas. São as particularidades regionais a garantia de sucesso deste género de projectos. Posteriormente até podem exportar ideias, já que algumas podem e devem ser exportadas, conferindo à região algo que tem faltado.
Um dos erros comuns que os autarcas de Sicó fazem é que em vez de criar de base projectos regionais, vão buscar lá fora, por vezes, alguns projectos chave na mão, sendo como que um transplante em vez de uma plantação de uma ideia... Sendo assim é bem mais difícil as sementes germinarem.

17.6.10

Mochila dedicada à região de Sicó

Corria o mês de Julho de 2008, quando fiz uma nota neste blog sobre uma marca portuguesa de produtos para o lazer, aventura etc. Esta marca, a MonteCampo, quando questionada por mim sobre a possibilidade de criação de uma mochila dedicada à região de Sicó, referiu-me que já estava a ponderar essa mesma possibilidade, algo que me agradou bastante.

http://azinheiragate.blogspot.com/2008/07/monte-campo-vs-sicalvaizere.html

Hoje, por curiosidade, voltei mais uma vez ao site da marca e eis o que vi:

http://www.montecampo.pt/detalhe.asp?ID=120

Depois desta novidade não podia estar mais contente, ver um produto muito útil dedicado à nossa região é algo que me alegra de sobremaneira. Obviamente que é um produto que pretende vender, mas à parte da questão comercial este produto é uma homenagem à região de Sicó e, por isso, há que salientar este facto, já que não é todos os dias que uma marca portuguesa baptiza um seu produto com o nome bem conhecido por muitos de nós, Sicó!

Obviamente que não ganho nada em publicitar este produto, mas afinal é um produto que destaca a região de Sicó e isso para mim faz toda a diferença, é esse o motivo deste destaque. Conheço a MonteCampo porque já tenho dois produtos desta mesma marca (Tenda e Mochila grande), é uma marca de confiança que honra o nome de Portugal, fazendo produtos de qualidade, de forma inovadora e faz algo que poucas fazem, faz singelas homenagens a muitas regiões de Portugal. Não se deixa cair em facilitismos, já que em vez de baptizar os seus produtos com nomes estrangeiros pomposos, ou de gosto duvidoso, baptiza-os com nomes portugueses, algo a destacar e a aplaudir!

Há muitas formas de valorizar a nossa região, esta é apenas mais uma. Só tenho pena que aqui na nossa região não haja muito destes exemplos nos mais variados negócios, juntar a vertente económica ao marketing territorial propriamente dito. Há muito a fazer neste domínio...
Espero agora que a Câmara Municipal de Pombal pense mais na importância da Serra de Sicó e na própria região de Sicó, pois ao ritmo que as pedreiras andam a explorar pedra calcária daqui a umas décadas a Serra de Sicó ainda desaparece.

11.6.10

Caiar o património: uma tradição quase extinta

De volta a Portugal, depois de mais um congresso, volto de novo às "hostilidades" no azinheiragate. Como já devem ter reparado, a aparência do blog está diferente, penso que para melhor. Relativamente aos conteúdos, estes serão alvo permanente de melhoria, já que estamos sempre a aprender, desde que nascemos até ao nosso último dia (há quem pense que se aprende tudo até aos 30...).
Desta vez venho falar-vos de uma arte secular, uma arte ainda com reflexos na região de Sicó, mas que infelizmente está quase extinta....
A arte de caiar as paredes dos edifícios, nomeadamente das casas, apesar de algo simples, é tremendamente eficaz, barata e utiliza(va) matéria-prima da região, a pedra calcária. Não me vou alongar nesta fase sobre o método de transformação da pedra calcária em cal, isso será alvo de um outro comentário nas próximas semanas.
Infelizmente hoje em dia reina a tinta plástica, menos amiga do ambiente. Como curiosidade, tenho um colega que outrora transportou matéria-prima do Alentejo para uma fábrica de tintas em Soure, algo que é sempre preocupante tendo em conta a importação regional de matéria-prima...
Voltando ao assunto da cal propriamente dita, este é um tema que me diz muito, já que em tempos fiz alguns trabalhos de caiação, algo que se pode revelar bastante perigoso derivado da reacção da cal com a água (ferve), caso atinja um olho pode-se ficar cego...
Fui ao meu baú de fotos, no qual achei duas fotos, as quais tive de digitalizar, e tive então o exemplo perfeito para mostrar visualmente o antes e o depois da caiação. Não tenho problema algum em divulgar as fotos, no entanto faço as normais medidas de protecção, já que já utilizaram fotos minhas sem autorização e isso não perdoo (sem que divulguem pelo menos o nome do autor). As fotos são do verão de 2003, na Serra do Casal Soeiro.
Esta capela situa-se num local muito conhecido por muitos ansianenses, e foi utilizado por mim em 2002 e 2003 (verão) como um local de vigia de incêndios, dada a sua excelente visibilidade em alguns quadrantes e octantes chave para a vigia.
Foi num destes dias que o senhor que construiu esta capela, infelizmente já falecido, parou ali na sua motorizada para meter conversa. Era uma pessoa sábia e aprazível de ouvir e nesse dia falámos na questão do mau estado em que a capela estava. Ele referiu que estava a pensar pintar a capela mas já não tinha idade, nessa altura eu disse-lhe que pintar era algo que não fazia naquele caso específico (apesar de também saber), mas que gratuitamente lhe caiava a capela, já que o tradicional era a cal e não tinta plástica.
Combinou-se e ele comprou o pincel a cal e o fixador de cal, logo depois fiz o que me comprometi, caiei a capela e tornei aquele local um bocado mais bonito. Fiz uma mistura forte e caiei a quente, pois é assim que se faz melhor, o resultado está à vista na segunda foto:

Sim, aquele fulano meio mal encarado na foto sou mesmo eu há uns aninhos....

Devido às condições agrestes naquela serra, passados quase 10 anos a capela já necessita de mais uma caiadela, mas isso já não depende de mim. No entanto fica aqui o repto a todos que não deixem cair de vez uma arte que já foi rainha na região de Sicó, os fornos de cal já foram quase todos, poucos são os que estão minimamente aptos para recuperação...