28.1.20

Eu movo, tu moves, ele move...


A temática da mobilidade está actualmente na berra, como se costuma dizer, contudo quase que restrita às cidades. Mas, e além das cidades, há as vilas, as aldeias e os lugares. Aí é, como se costume dizer, onde a porca torce o rabo. Enquanto que na mobilidade urbana falamos de andar a pé, de modos suaves (e.g. bicicleta) e transportes públicos, na mobilidade rural, que trato agora como mobirural (não sei se existe sequer este termo), não sabemos muito bem do que falamos, já que a realidade é bastante diferenciada. Transportes públicos não existem de 10 em 10 minutos. Por vezes nem existem sequer, já que não faz sentido, dada a escassez de passageiros. Nos lugares, aldeias e vilas a vida é diferente e basicamente o carro é um bem precioso. Isto seja para quem conduz, quem ainda não conduz e quem nunca conduziu, ou seja abarca todos, mas de formas muito diferenciadas.
Como garantir que, por exemplo, idosos possam ir uma ou duas vezes por semana à Vila, seja para as compras seja para pagar coisas ou ir ao centro de saúde? Não é uma fórmula simples, muito pelo contrário.
Lembro-me há uns 25 anos de estar a debater o assunto com o pessoal num salão situado na Torre de Vale de Todos, em Ansião. A conversa era ligeiramente diferente da de hoje, contudo, e no essencial, resumia-se ao mesmo, ou seja como garantir a mobilidade para todos e as dificuldades para garantir essa mesma mobilidade.
Poucas tentativas têm sido promovidas  no sentido de resolver esta questão, talvez porque não é algo que interesse muito as pessoas, pelo menos quem tem carro e tem voz, já que para quem não tem carro e "não tem voz", a conversa é diferente.
Há poucos anos, e em Alvaiázere, a autarquia local decidiu arriscar e trilhar um caminho. Não tenho números para poder dissertar sobre o sucesso, ou não, desta iniciativa, contudo este é um assunto que não se pode tratar como os outros, já que o que interessa ali não é ter lucro, mas sim garantir um direito a quem tem dificuldades para ir de A a B. O mérito existe, mesmo que no início tenha ouvido críticas à iniciativa. As críticas vinham de quem tem carro, facto que acaba por ser revelador. 
Esta é uma temática que merece um debate profundo, esperando eu que este comentário sirva para dar o início a algo de útil para quem não tem a facilidade de ir de A para B, para tratar dos seus assuntos.

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