5.9.15

SOS Rio Nabão


Desde criança que tenho uma relação muito especial com o Rio Nabão. A nascente deste, o antigo lagar e, especialmente, o troço inicial, foram um local de brincadeira e uma verdadeira escola sobre os sistemas ribeirinhos. Os anos passaram e a paixão por este rio continuou. Diria até que aumentou à medida que me fiz geógrafo físico, algo de perfeitamente natural.
Por tudo isto e por tudo o mais, sou um defensor acérrimo deste rio, em especial. 


No início de Agosto aconteceu o que já se tinha assistido nos dias precedentes, contudo a uma escala muito maior, o que ditou a morte de centenas de peixes e não só. A SEPNA esteve no local a proceder a limpezas, concretamente retirada de peixes mortos. Não conseguiram limpar tudo, pois no dia seguinte ainda se observavam muitos peixes mortos, alguns que escaparam à limpeza outros que morreram entretanto. O cheiro intenso ficou durante uns dias.


Curiosamente a notícia foi abafada, "sabe-se lá porquê", no entanto o responsável político tem nome próprio e, até agora, não vi nenhuma afirmação sobre o caso. Será porque é incómodo? Será porque a zona industrial é uma "vaca sagrada" e um tabú em caso de acidente?
Indo agora ao que aconteceu, terá ocorrido uma enorme descarga de esgotos, vindos da zona industrial do Camporês, a qual contaminou tudo à sua passagem e, com isso, teve um grave impacto ambiental. Rio, poços, aquíferos, nada escapou. Não faço a mínima ideia do tipo de resíduos que foram derramados, contudo, imagino, tal o impacto ambiental constatado.
Nos dias anteriores a esta situação, já tinham ocorrido pequenas descargas, por entupimento dos esgotos. Uma delas bem perto do restaurante localizado perto da nascente. Isto aconteceu porque não houve o devido planeamento, porque não foram tomadas as medidas que em municípios desenvolvidos são tomadas por quem de direito.


Um aspecto curioso desta situação é o de que há pessoas que não imaginavam que o Rio Nabão tinha peixes. Lembro-me bem de uma conversa, há meses atrás, em que uma pessoa, quando confrontada com o que eu lhe disse, sobre a existência de peixes, disse genericamente que eu "era tolo", tal o seu desconhecimento sobre este facto elementar. Esta pessoa curiosamente também tem actualmente um cargo político. Esta pessoa disse que era parvo colocarem entreves à colocação de represas no Rio Nabão, já que não existiam ali peixes...


Mais surpreendente foi a reacção de muitos ansianenses, quando descobriram que há lontras no seu rio. E se eu disesse que até Guarda Rios (ave) ali há, muitos não acreditariam. Algo que mostra o quanto está distante a relação dos ansianenses com o seu rio. No Rio Nabão há muita surpresa, pena é que os ansianenses não façam muito por ele e não peçam que façam por ele, a começar pelas entidades públicas com responsabilidade na matéria. Pena é que, como facilmente todos podem ver, há tanta gente porca, que suja este belo rio.
Falta a informação, falta a educação ambiental e falta o que sempre faltou, ou seja o marketing territorial, precisamente aquele que faz com que quando vou a um qualquer sítio de Portugal, e quando falo do Rio Nabão, em vez de ouvir a palavra Ansião, oiço a palavra Tomar. Dá que pensar, especialmente sabendo que é em Ansião que este surge das entranhas da terra...


A minha resposta a tudo isto irá resumir-se a um projecto ao qual ainda não me pude dedicar, mas que brevemente irei fazer surgir, ou seja trazer o Projecto Rios a Ansião. As coisas mudam-se com educação e formação. O resto é conversa...
Brevemente darei notícias, mas quem estiver interessado em adoptar um troço do Rio Nabão, pode entrar em contacto comigo.

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