14.4.15

O pecado original: do silêncio do porquê ao receio do tal

No início do ano abordei esta questão, pensando eu que o bom-senso iria prevalecer e que a vontade da maioria iria prevalecer. Enganei-me...
Já sabendo da má notícia, e numa das minhas deslocações a Alvaiázere, decidi que era altura ir a Almoster, ver a coisa com os meus próprios olhos. Quis o destino que, precisamente na altura em que tirava uma fotografia ao corte que representa o destino do carvalho, chegasse a pessoa que simbolicamente denomino agora como o "carrasco". Milagre!
Não o conhecia pessoalmente, mas em poucos minutos isso iria mudar. É impressionante como é que alguém munido de uma máquina fotográfica mete mais medo do que alguém com uma arma. Sinal dos tempos?
Quando pensava ouvir algo como "boa tarde", ouvi "há algum problema?". Respondi da forma que me ensinaram, cumprimentando com um "boa tarde". Notei que o "carrasco" estava muito nervoso com a minha presença, algo que apesar de estar habituado, acabo por não compreender bem, já que não sou o "bicho papão". Achei curioso este dizer que me conhecia, já que afinal uma coisa é ver a minha foto no facebook, outra, diferente, é conhecer-me pessoalmente. Notei igualmente que este cometeu um erro crasso de análise, pois referiu que eu teria sido influenciado por terceiros. Digo erro crasso porque não compreendo como é que tantos anos depois ainda haja quem possa pensar que eu sou influenciável. Pediram-me ajuda, que é bem diferente do ser influenciado para. Mas enfim, continuemos...



Com um discurso claramente tenso, embora contido, o "carrasco" iniciou a conversa propriamente dita. Durante alguns minutos falámos sobre o abate do carvalho. Confesso que foi um diálogo positivo, no entanto a minha posição ficou ainda mais firme em defesa daquela árvore, agora assassinada só porque sim. Importa salientar que aprecio o facto de haver abertura para falar comigo, em vez de fugir à conversa, tal como o ressabiado o faz desde 2007.
Curioso como é que um monte de folhas faz tanta confusão, especialmente tendo em conta que esta casa não é habitada, servindo apenas como "refúgio" esporádico. Curioso como é que sendo esse o problema, e em vez de colocar por exemplo uma "barreira" no lugar daquele "corrimão" do lado direito, se corta o coitado do carvalho. O "problema" não são as folhas, mas sim os redemoínhos que as levam a acumular num plano inferior. Se a obra tivesse sido bem feita não haveria quaisquer acumulação de folhas. Curioso como é que uma comissão não sei bem de quê, não sei bem representativa de quem, se queixe que não foi ouvida no projecto de requalificação, a financiar com fundos públicos, quando afinal até o foi. Não tem de ser ouvida em tudo, pois afinal o carcanhol não virá do céu. Curioso como é que se faz um silêncio do porquê numa uma comissão não sei bem de quê. Essa comissão não quis ter em conta a maioria daqueles que é suposto representar e que, aparentemente, são (eram) maioritariamente contra o corte do carvalho. Será isto coerência?! Fará algum sentido?
Se as folhas incomodam tanto, como é que se pensa em colocar futuramente uma oliveira por ali? A oliveira não tem folhas? E as azeitonas, quando cairem na pedra e se esborratarem pelo pisoteio, será que o piso não vai ficar todo manchado? Quem vai limpar?
E já agora, porque é que quando esta questão foi amplamente debatida do fórum do facebook de Almoster o "carrasco" não comentou uma única vez?
Houve duas pessoas, em especial, que se mostraram a favor do abate do carvalho, uma de forma activa, outra de forma passiva, curiosamente ambas a morar em Lisboa, algo que é sempre de assinalar. Não há a cidade e a floresta, há sim a cidade com espaços verdes e a floresta. O mesmo se aplica aos aglomerados urbanos, os quais devem ser abençoados por árvores. Também já morei em Lisboa, daí saber que em Lisboa as árvores não são propriamente uma prioridade ou sequer uma preocupação, genericamente falando. Sei também que quando falham os argumentos se utiliza muito a figura da capital para tentar de alguma forma mostrar a superioridade moral e um sentido paternalista.
É nesta altura que me lembro do que Neil de Grasse Tyson, um brilhante astrofísico, disse numa das suas palestras: "Os adultos esqueceram como compreender a Natureza, como pensar a respeito do mundo natural." Sugiro ao "carrasco" que pense um bocadinho sobre esta breve, mas genial, afirmação.
Para finalizar, agradeço honestamente ao "carrasco" os minutos de conversa, bem como a sua coragem para falar comigo, pois permitiram de parte a parte expor argumentos, mesmo que com factos desprovidos de objectividade e, diga-se, de verdade. Podiam ter sido mais uns minutos, mas a nossa vida não dá para tudo. 


1 comentário:

Sementes de Portugal disse...

Caro joão,

Ha coisas para as quais nao é preciso gastar muita tinta nem muitas palavras. Trata-se simplesmente de maldade. Mas de uma maldade cobarde, como so a maldade é. DIsfarça-se e torçe-se para que qualquer pessoa de bem a trate com respeito. Umas vezes de ignorancia, outras com os textos da lei, ou com a convicçao dos direitos de propriedade, outras vezes simplesmente porque gosta de aparecer. Mas é sempre e só Maldade.