16.12.14

A arte e o zanato


Falo, claro, do artesanato. Há várias definições de artesanato, no entanto não me cabe dissertar sobre qual será a melhor definição do conceito "artesanato".
Falando em artesanato, quantos de vós fazeis questão em comprar algo para oferecer no natal, feito em Portugal em vez de made in China? E quantos são aqueles que, juntando o útil ao agradável, compram algo realmente útil e feito localmente, com matéria-prima da região ou do país? Estes são pequenos grandes pormenores que fazem toda a diferença em termos de desenvolvimento territorial e económico, com evidentes reflexos também ao nível social.
O que vêm na foto são três artigos meus, camisola, cachecol e um gorro, sendo ao mesmo tempo o meu alibi perfeito para falar sobre artesanato. Não considero isto artesanato no verdadeiro sentido da palavra, pois tudo isto foi feito por pessoas minhas conhecidas, a custo zero (para mim, claro) e à medida. Se fosse algo produzido para vender, aí consideraria tudo isto como artesanato, no entanto tudo isto são artigos elaborados com o auxílio da bela arte do tricotar e sem intuito que não o utilitário. Quantos são aqueles que conhecem pessoas que ainda sabem tricotar? Na região de Sicó ainda há muitas, no entanto é uma arte que se vai perdendo.
Especialmente a camisola, é uma autêntica obra de arte, tendo eu outras mais e de várias cores, feitios e texturas. Se alguém me quisesse comprar esta camisola, eu não a vendia por valor nenhum. Tem valor sentimental e não há dinheiro que pague o sentimento, essa é que é a grande verdade. Sentimentos à parte, esta camisola vale mais do que uma semelhante, de marca elitista. Esta camisola, o cachecol e o gorro foram feitos com sentimento e não com propósito financeiro e isso faz toda a diferença. 
Não sei qual o valor de mercado de uma camisola deste género, feita à mão, claro, no entanto suspeito que valeria largas dezenas de euros. 
Estamos numa altura que se fala muito no comércio tradicional ou de proximidade, no entanto fala-se pouco de artesanato, de pessoas que são mestres numa determinada área e que poderiam ter mais sucesso se todos nós prestássemos mais atenção aquilo que nos torna pessoas mais interessadas pelo seu futuro, pelo futuro do seu país e por toda uma cultura secular. Que tal parar para pensar um bocado? Compra local e feito em Portugal, o país agradece e tu vais ver que também te vais agradecer!

1 comentário:

Du disse...

Tens de vir a Leiria conhecer o Gang da Malha que é só gente nova, a Angela Quaresma da "pontos e voltas", e as lãs da Rosa Pomar (Coimbra, acho eu) que dão enquadramento ao ciclo natural da lã portuguesa, com processos de coloração biológica. Além disso, tens aí bom material para enquadrar o trabalho de memória coletiva, Envelhecimento Ativo e comunidade local.
Chega de olhar para (os produtos de) fora. Que tal ver o que podemos fazer com o que temos?
Chega de olhar para (as gentes de) fora . Que tal ver o que podemos fazer com quem temos?
Local, endógeno... Fazer crescer as raízes. Uns na terra. Outros nas gentes.
Esta é a minha praia.
Querendo, ajudo a pensar e construir um projeto.