2.6.14

Do céu ao inferno...

Fonte: http://sigma2.cm-ansiao.pt/

Estava a ser um dia fantástico e o passeio de bicicleta já ia longo. Andava à caça de boas fotografias num roteiro pré-definido, no entanto com margem para desvios. Só quando me estava a aproximar do local em causa, perto do Alvorge, é que me lembrei que aquele era dos locais mais fantásticos que conhecia na região de Sicó, dada a sua "especificidade cársica", um extraordinário sumidouro literalmente escondido por vários carvalhos, alguns centenários, e uma bela galeria ripícula, com exemplares também centenários. Era um cantinho do céu que tinha tido a oportunidade de conhecer ao pormenor há alguns anos, quando em espeleo prospecções tive a oportunidade de passar algumas horas no fundo daquele sumidouro. A descida era algo difícil, pois era um local bem guardado por vegetação dos estratos arbóreo e arbustivo. Simplesmente mágico.
Contudo não foi o céu que ali reencontrei, foi sim o inferno, pois uma mente brilhante achou que o melhor seria arrasar tudo aquilo (representado no ortofoto acima), cortando tudo o que por ali havia, atulhando parte do sumidouro e plantando, imagine-se eucaliptos. Tem inclusivamente eucaliptos plantados dentro do curso de água, que termina, à superfície, naquele enorme sumidouro. 
Confesso que foi algo que não estava à espera e que me revoltou profundamente, dada a gravidade do sucedido. Já solicitei a intervenção da SEPNA, de forma a que esta possa confirmar a ilegalidade de algumas das acções ali ocorridas. Naturalmente que haverá um "prémio" para quem perpetrou tal acção.
É realmente preocupante constatar que mesmo locais tão isolados e tão valiosos do ponto de vista do ecossistema, são afectados de forma tão gravosa, nada está a salvo e um dos grandes culpados é o eucalipto e a sua liberalização. Este é um dos casos onde fica bem expressa a infelicidade de uma lei que promove a destruição de valores naturais fundamentais em prol do lucro puro e duro, seja a que custo for. A evidente iliteracia cultural faz o resto.
Nos próximos dias irei destacar a questão da monocultura de uma forma algo polémica, mas que faço questão de abordar de uma forma completamente diferente do que muitos estão habituados...




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