21.12.13

Reabilita-me sff!


Há alguns dias atrás, quando falava com um amigo acerca do abandono a que muitas casas são votadas, surgiu o inevitável argumento do preço deste tipo de casas.
Esta questão é muito subjectiva e leva-nos a longas conversas, que passam pelas questões históricas, culturais, geográficas e outras mais.
Passo então a espicaçar as mentalidades, de forma a promover o debate. Em primeiro lugar, o preço destas casas é muito relativo, já que se ela estiver esquecida no tempo e nos olhares, quem a descobrir e perguntar quanto ela custa, muitas vezes custa dois tostões, isto se o dono for uma pessoa de idade e pouco esclarecida. Ou então se a casa em causa não estiver condenada à ruína total pelo facto de estar em partilhas intermináveis. Se a pessoa a conseguir comprar por dois tostões, facilmente a vai vender por um valor despropositado. Lembro-me de um caso, em que um amigo meu comprou uma casa em ruínas por 14000 euros e passado pouco tempo já tinha uma inglesa a oferecer 40000 pela mesma casa. Surpreendidos?! 
Assim sendo, e desmistificado um estereótipo, vamos lá então ao segundo ponto, ou seja o preço da reabilitação das mesmas. Obviamente que havendo poucas empresas dedicadas à reabilitação destas casas, os preços não são os melhores, mas mesmo assim é algo de natural, pois se não há muitas empresas no ramo, os preços inflacionam. Depois há uma outra questão, o de querer tudo feito, de poucos serem aqueles que sabem fazer algumas coisas no domínio da reabilitação, ou seja, poucos são os que sabem ou querem meter a mão na massa, preferindo comprar tudo feito. Há quem não saiba pegar num martelo.
Surge então o estereótipo das divisões, onde ficamos muitas vezes reféns do que os outros pensam e não do que gostamos, preferindo nós sermos levados pela opinião dos outros e não pela nossa. Divisões a mais, nada de open spaces e por aí adiante. Curiosamente, ou não, as pessoas mais satisfeitas são aquelas que recuperam estas casas ao seu gosto e não a gostos impingidos.
Poucos são os que imaginam que, ao mesmo preço de uma casa ou apartamento feito de raiz, conseguem ter uma casa destas recuperada. Essa é a realidade de hoje em dia. Há uns anos era diferente, eu sei, mas estou a falar da realidade actual. Os tempos são outros, os materiais e tecnologias são outras.
Não há nada que se compare a uma casa destas recuperada, nem mesmo uma casa feita de raiz. Estas casas antigas têm alma e história. Além disso muitas vêm com terrenos agricultáveis, com uma paisagem viciante, com rebanhos por perto, com árvores de fruto e com muito mais. Convencidos?!
É tudo uma questão de opção perante a vida, de não nos deixarmos subjugar a interesses económicos que querem que nós fiquemos entre 4 paredes, bem pertinho de outras 4 paredes, de forma a estarmos mais expostos a um sistema que vive apenas do consumismo bacoco.
Lembrem-se que muitas vezes os preços absurdos que algumas destas casas se devem a nós mesmo, pois numa primeira fase desprezámos estas casas (a cidade ou vila é que é...), não lhe reconhecendo valor e depreciando-as e depois, numa fase de revivalismo, começamos a dizer que estas casas é que valem a pena (vamos voltar para o campo que é que é...).
Naturalmente que nem sempre estão reunidas as condições para algumas pessoas reabilitarem estas casas, mas há muitas outras que poderiam. Dá que pensar, ou não?!

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