17.3.11

A questionável moda dos granitos na região de Sicó



O último episódio dos Gralhos não foi por acaso, tratou-se de uma crítica acérrima à moda que é hoje em dia, na região de Sicó, colocar granito numa área onde quem manda são os calcários. Colocar materiais "estranhos" a esta região pode, por vezes, ser algo a lamentar, como é o caso da Ponte D. Maria em Pombal (nem sei como o IGESPAR permite tal coisa...). Em casos como este é algo que eu considero como que uma "traição" à região, pois se temos aqui muita matéria prima, porquê fazer misturas pouco felizes? Há alguns arquitectos e engenheiros que andam com a cabeça bem longe da realidade, ignorando as particularidades regionais e cedendo às empresas que não querem saber se vendem calcários ou granitos, o que lhes interessa é vender.
Se a região pretende ser uma região de excelência, como tantas vezes, e de forma pomposa, os nossos autarcas fazem questão de sublinhar, porque permitem eles certos abortos urbanísticos por toda esta região?
O caso que agora quero destacar, prende-se precisamente com esta questão, das regras urbanísticas duvidosas e desconexas. A casa que vêm na foto não é no Norte de Portugal, é sim em pleno domínio da Serra de Sicó, sendo uma casa integralmente em granito. Será isto lógico?
Apesar de infelizmente ser legal fazer isto, a bem da região, e quanto a mim, não deveria ser permitido construir casas nem com arquitecturas demasiado alternativas (há casos e casos), nem com materiais como é o caso do Granito (genericamente falando...). Porque não damos valor à nossa matéria prima, o calcário?
Sou muito crítico de situações como esta, obviamente respeito quem o faz, mas discordo totalmente enquanto cidadão. Isto faz-me lembrar aquelas casas pintadas de verde alface, lilás ou outras cores berrantes. Será que não seria interessante um código que criasse regras específicas para a região de Sicó, de forma a que não só se facilitasse a construção/reconstrução de casas num estilo mais tradicional, à base de calcário? Sei que é uma questão muito complexa e polémica, pois abarca questões de liberdade de escolha, mas mesmo assim penso sem a mínima dúvida que com a participação das populações se poderia chegar a um entendimento, de forma a tornar esta região mais genuína. Um processo deste género deveria passar em primeiro lugar pelas populações e apenas depois por técnicos de gabinete que muitas vezes hibernam todo o ano...
Isto já me faz lembrar aquelas casas de emigrantes, que constroem casas nada enquadradas com a realidade local, a começar por aqueles telhados que são indicados para áreas com neve e não áreas com um clima como o nosso...
Seja num estilo mais moderno ou mais antigo, é possível termos casas bem bonitas e integradas na realidade de Sicó. Já vi bonitas casas recuperadas  integralmente à moda antiga e já vi outras com alguns toques de modernidade, mas que se integram perfeitamente no "ecossistema" Sicó. O intuito destas linhas é fazer-vos pensar um bocado nesta questão tão cara à região de Sicó.
Só para terminar, e caso algum arquitecto aqui da região veja este comentário, convido-o a escrever umas  linhas sobre esta questão, já que como em todas as profissões também há excelentes profissionais a operar na região de Sicó.

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